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Vinte milhões de pessoas podem passar fome por seca no Chifre da África, diz ONU

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) carece de mais de 60% dos fundos necessários para ajudar 1,5 milhão de pessoas em três países
Somalis procuram água em um lago seco Foto: Laura Melo / AFP
Somalis procuram água em um lago seco Foto: Laura Melo / AFP

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas afirmou nesta terça-feira que  pelo menos 20 milhões de pessoas estão sob o risco de passar fome por causa da seca no Quênia, Somália e Etiópia. Algumas áreas afetadas pela estiagem na região do Chifre da África sofrem os efeitos cumulativos dos conflitos, da pobreza e da praga de gafanhotos.

Seis milhões de somalis, ou seja, quase 40% da população do país, enfrentam níveis extremos de insegurança alimentar. Se a situação não melhorar, a fome deve chegar nos próximos meses.

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No Quênia, 500 mil pessoas se encaminham para uma crise alimentar, especialmente nas comunidades do Norte que vivem da pecuária. Na Etiópia, onde a guerra durou 17 meses no Norte, os índices de desnutrição no Sul e Sudeste superaram os níveis de emergência.

Os muitos meses de seca na região do Chifre da África devastaram plantações e afetaram a criação de gado, forçando muitas pessoas a deixar suas casas. Um mês após o início da estação chuvosa, o número de pessoas que passam fome devido à seca pode disparar da estimativa atual de 14 milhões para 20 milhões, de acordo com o PMA.

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— Devemos agir agora se quisermos evitar uma catástrofe humanitária — declarou Chimimba David Phiri, representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) na União Africana, em uma reunião em Genebra.

A situação também é agravada pelo conflito na Ucrânia, que contribuiu para o aumento dos preços dos alimentos e do combustível e afetou as cadeias de abastecimento. A agência também afirma que a falta de fundos nesta região do mundo poderia levar a uma catástrofe e pede um financiamento de 473 milhões de dólares nos próximos seis meses.

A FAO carece de mais de 60% dos fundos necessários para ajudar as 1,5 milhão de pessoas que deseja apoiar nos três países.