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Artigos escritos por colunistas convidados especialmente para O GLOBO.

Por Gustavo Tutuca

O Rio de Janeiro precisa do Galeão, o Brasil também. Essa é uma afirmação inequívoca. Um norte a qualquer vislumbre sobre o futuro daquele que já foi o principal aeroporto do estado e um dos principais do país. O debate vai muito além do turismo, já que a atividade no Aeroporto Internacional Tom Jobim é fundamental para a economia do estado, tamanha sua importância no fomento à geração de emprego e renda.

Não se trata de preferência pelo Galeão em detrimento do Santos Dumont. Muito pelo contrário. A palavra de ordem para lidar com esse imbróglio é equilíbrio. Todos sairiam ganhando. Um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) aponta que perdemos R$ 4,5 bilhões por ano com a falta de uma operação coordenada entre os dois aeroportos.

O Santos Dumont não tem capacidade para absorver viagens internacionais. Isso impacta diretamente o nosso trabalho na busca pelo aumento da oferta de voos a partir de outros países. O aeroporto sempre teve sua vocação principal para voos de ponte aérea e executivos, bem rentáveis, graças à localização privilegiada, próxima à Zona Sul da capital.

As notícias sobre atrasos em 29% na ponte aérea Rio-São Paulo dão mais indicativos de que o terminal do Centro do Rio opera sobrecarregado. A primeira — e inevitável — ação a adotar seria bem simples: limitar o número de voos. Sete milhões de passageiros por ano? Oito milhões? É preciso chegar a um número que não impacte a lucratividade do Santos Dumont, mas permita a qualidade no atendimento aos viajantes e o reequilíbrio com o Galeão.

Em paralelo, o Galeão, licitado inicialmente em 2013, passou por obras de melhoria e ampliação. Tem capacidade para 37 milhões de passageiros, muito acima do que tem recebido anualmente — apenas 6 milhões em 2022, enquanto o Santos Dumont recebeu mais de 10 milhões.

Há quem defenda a privatização do Santos Dumont; há quem defenda que os dois aeroportos sejam operados por uma única administradora, como em Belo Horizonte, onde Confins e Pampulha são coordenados pela mesma empresa, a CCR. Esse Sistema Multiaeroportos (SMA), que já existe em diversos lugares do mundo, é um caminho? Claro! A detentora da operação terá total interesse em contrabalançar a quantidade e os tipos de voos. O SMA é o único caminho possível? Não! É totalmente possível que dois aeroportos coordenados por concessionárias diferentes operem de maneira eficiente e otimizada de acordo com a capacidade de ambos.

Não acredito que uma nova licitação do Galeão seja a melhor saída. Ainda mais depois de a Changi, principal sócia da RIOGaleão, ter anunciado recentemente que desistiu de devolver a concessão.

A Secretaria de Estado de Turismo não tem medido esforços para ampliar o número de voos para o Rio. Temos carta branca do governador Cláudio Castro para trabalhar pelo turismo do estado. Os números atuais já mostram grande evolução nas regiões turísticas, podendo ser comparadas a outras grandes cidades turísticas do mundo. Além disso, os avanços conquistados na segurança pública, com a garantia da proteção da população e dos turistas que visitam nosso estado, ajudam a aquecer o setor.

O reequilíbrio dos voos entre Santos Dumont e Galeão passa pela união de esforços dos governos federal, estadual e municipal e das companhias aéreas. Confio muito na sensibilidade e no trabalho do ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, para resolver a situação.

O esvaziamento do Galeão é uma tragédia e, para consolidarmos o Rio como um dos principais destinos turísticos mundiais, é imprescindível que o aeroporto recupere seu protagonismo e volte a ser uma das principais portas de entrada do país. Afinal, a situação se arrasta há anos, e o turismo e a economia do estado não têm mais tempo a perder.

*Gustavo Tutuca é secretário de Estado de Turismo do Rio de Janeiro

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