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Artigos escritos por colunistas convidados especialmente para O GLOBO.

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Há 25 anos, quando o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) foi criado, a situação internacional oferecia razões para otimismo. A Guerra Fria havia terminado, e se imaginava que não voltariam os confrontos de alcance universal. As conferências globais das Nações Unidas sobre direitos humanos, meio ambiente, direito das mulheres, combate ao racismo e desenvolvimento social articulavam novos padrões de legitimidade para a ordem internacional. A globalização prometia prosperidade para as nações e aproximaria as sociedades. Porém, em virtude das crises econômicas, conflitos e guerras que se seguiram, os desafios para a ordem internacional ganharam outra dimensão, sem rotas claras e previsões pessimistas. O mundo das relações internacionais se tornava mais complexo e próximo, passando a ter importância crescente para definirmos os nossos projetos de país.

Desde a democratização, o Brasil ganhou credenciais para uma participação mais ativa na vida internacional. A partir dos anos 1990, os centros universitários se multiplicam, as associações de empresários e os sindicatos se voltam para as questões da economia internacional, as ONGs se tornam participantes ativos na definição de políticas sociais. O Cebri nasceu nesse ambiente.

É a Luiz Felipe Lampreia que se deve a ideia para a criação do centro. Diplomata de carreira, havia deixado a chefia do Itamaraty depois de seis anos à frente do ministério. Viu a necessidade de ampliar o debate sobre política externa, estudou a prática de think tanks estrangeiros e traduziu os modelos para as necessidades brasileiras. Mobilizou diplomatas, empresários, jornalistas e acadêmicos para definir os rumos do Centro. O objetivo: criar um lugar de encontro entre os diferentes agentes que contribuíam para pensar as opções da ação externa do Brasil e para levá-las adiante. Assim, o Cebri cria um espaço para debater questões relevantes e aproximar interlocutores que as vissem de ângulos diversos. A liberdade de opinião era a regra. O propósito era esclarecer, buscar sintonias, entender diferenças. Para a complexa agenda internacional, a melhor e mais cuidada reflexão era necessária e deveria se tornar parte dos processos de formulação e decisão. E, nisso, o Cebri desempenhou um papel amplamente reconhecido.

Ao longo dos 25 anos, foram muitos os encontros que o Cebri patrocinou. As questões de meio ambiente e da transição energética têm sido hoje o foco central de nosso trabalho. Não faltam debates sobre comércio e geopolítica, sobre a OMC e o Mercosul, sobre as Nações Unidas e a segurança contemporânea, sobre o novo lugar da China e dos Estados Unidos, sobre o Brics e a OCDE. Temas latino-americanos e o Mercosul estão presentes em nossa agenda. Trouxemos especialistas com a melhor qualificação para os nossos encontros. Organizamos cursos sobre história diplomática e comércio internacional. São inúmeras as publicações que refletem a nossa trajetória. Uma extensa rede de cooperação com instituições congêneres é outro componente de nosso trabalho.

O sólido aporte do Cebri para a reflexão sobre a política externa brasileira tem servido à sociedade. Vamos, junto com o Ipea e a Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), liderar a preparação das contribuições dos think tanks para a cúpula do G20, principal fórum da economia global, a ser realizada no Brasil em novembro de 2024. Em 2025, estaremos engajados num intenso calendário de qualificação da COP30, principal evento da diplomacia climática, a ser realizada em Belém.

Ao longo dos últimos 25 anos, o propósito do Cebri segue fiel ao idealizado pelos fundadores: contribuir, com independência e rigor, para que o país seja ouvido na construção da ordem internacional que, mais do que nunca, precisa de uma perspectiva brasileira para seu futuro.

*Julia Dias Leite é diretora-presidente do Cebri, José Pio Borges é presidente do Conselho Curador do Cebri, Gelson Fonseca, embaixador, é cofundador do Cebri

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