Artigos
PUBLICIDADE
Artigos

Colunistas convidados escrevem para a editoria de Opinião do GLOBO.

Informações da coluna

Artigos

Artigos escritos por colunistas convidados especialmente para O GLOBO.

Por

A imprensa acompanha com atenção a ascensão da tecnologia deepfake, com ênfase principalmente nas ameaças que esse tipo de inteligência artificial pode representar para a democracia e para a privacidade individual. Contudo é preciso destacar que o deepfake também pode trazer prejuízos irreversíveis para empresas.

Os veículos noticiaram que, em 2 de fevereiro, um funcionário do departamento financeiro de uma multinacional foi vítima de um golpe impressionante de deepfake. Fraudadores conseguiram se passar pelo diretor financeiro da empresa numa videoconferência, resultando num prejuízo de US$ 25 milhões, ou R$ 124 milhões. Segundo as investigações da polícia de Hong Kong, aquele funcionário acreditava estar conversando com integrantes reais da equipe, quando, na verdade, eram rostos falsos criados por tecnologia de inteligência artificial de última geração.

Esse incidente não é o único, nem seu princípio exatamente novo. Em agosto de 2019, uma tecnologia de inteligência artificial foi empregada para imitar a voz de um CEO britânico num telefonema para seu homólogo alemão. A fraude culminou na transferência de £ 220 mil (cerca de R$ 1,39 milhão) para contas dos golpistas.

Como vemos, os bandidos têm acompanhado o desenvolvimento da IA e são especialmente rápidos em aplicar tecnologias, com resultados catastróficos para as finanças e a reputação. Com certeza, muitos casos assim ocorrem por aí, sem ser informados às autoridades.

Para começarmos a combater a ameaça, o primeiro passo é criar conhecimento. O debate público precisa mirar o deepfake como risco, de forma a alertar o setor corporativo a respeito da urgência da cibersegurança.

Já somos o país da América Latina com o segundo maior número de ataques cibernéticos, segundo relatório da empresa de segurança Fortinet publicado no ano passado, somando 103 bilhões de tentativas criminosas em 2021, atrás apenas do México. A companhia russa de tecnologia Kaspersky coloca o Brasil em quinto lugar como alvo de ataques no mundo.

Por ora, esses ataques envolvem e-mails maliciosos e técnicas de phishing (fraudes para obter dados ou senhas). A inteligência artificial, com sua capacidade assombrosa de nos iludir, estará cada vez mais à disposição de grupos criminosos.

Por isso é imperioso que a cibersegurança corporativa seja fortalecida como pilar essencial da governança tecnológica, com investimentos substanciais em tecnologias avançadas de detecção de deepfake e treinamento de equipe para reconhecer sinais de manipulação digital. Além disso, protocolos rigorosos de autenticação e verificação devem ser implementados em todas as transações financeiras e interações virtuais de negócios.

Em suma, o cenário atual exige uma abordagem proativa para mitigar os riscos inerentes à tecnologia deepfake, assegurando a integridade das operações empresariais num mundo digital cada vez mais complexo.

*Patrick Burnett é CEO do InoveBanco e presidente do LIDE Inovação

Mais recente Próxima A conciliação é a melhor estrada para o bem comum da sociedade