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‘Brasil está vazio na tarde de domingo, né? É! Olha o sambão, aqui é o país do futebol’, canta Milton Nascimento. Benjor faz todo mundo balançar com “em fevereiro, em fevereiro, tem carnaval”. Mas, “que tal um samba?”. “Um samba, que tal?”, questiona Chico Buarque. E você sabe que “quem não gosta de samba, bom sujeito não é”, sentenciou Dorival Caymmi. Então, que tal, além do samba, um frevo? Um pagode? Um sertanejo? Um axé? Um forró? Um rock? E tantos outros ritmos brasileiros, frutos de sua cultura miscigenada, diversa, pois riquezas são diferentes, como nos lembram os Titãs. E, além da sua importantíssima função social, temos cada vez mais convicção e dados da participação determinante da música em nosso desenvolvimento econômico.

Isso não é uma constatação somente do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) e da gestão coletiva da música. Trata-se de fato endossado pelas estatísticas oficiais. Além de a indústria musical constar no grupamento da classificação nacional de atividades econômicas do IBGE, o instituto destacou a contribuição desse setor para a economia, segundo a última Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), referente a novembro de 2023.

De acordo com o IBGE, o volume de serviços prestados às famílias — que incluem atividades culturais e de lazer— apresentou alta de 2,2% em novembro na comparação com outubro. É um dos principais indicadores a contribuir para a subida do índice que mede a atividade de serviços, depois de três meses consecutivos de queda. O IBGE mencionou os espetáculos musicais, como os shows da cantora Taylor Swift no Brasil, como fator de influência para o crescimento, junto à alta de alojamento e alimentação.

Além da cantora americana, outras grandes apresentações aconteceram no fim do ano no país, como as de Paul McCartney e Roger Waters. A agenda musical brasileira, porém, é pujante durante todo o ano, seja nas grandes capitais ou nos rincões. Um motor propulsor, especialmente os shows, que têm impacto direto na economia das cidades.

Hoje podemos festejar, de fato, o fim da pandemia e confirmar que o público estava ansioso para voltar a frequentar eventos musicais. No ano passado, de janeiro a novembro, foram licenciados mais de 34 mil shows no Brasil. Se somarmos a esse número os eventos licenciados que usaram música, chegaremos a um total de 60 mil. Os números já são 50% maiores que os registrados no período pré-pandemia, em 2019.

Essa roda gira, começando pelos profissionais que vivem da música e recebem os pagamentos recolhidos pelo Ecad referentes a direito autoral — somente de janeiro a novembro, foram repassados mais de R$ 152 milhões à classe artística, provenientes de shows. E faz movimentar uma enorme cadeia de negócios, iniciando por quem depende da música: vendedores, seguranças, atendentes, garçons, operários, técnicos, restaurantes, hotéis etc., num ciclo virtuoso.

Por isso reunimos todos os nossos esforços no sentido de chamar a atenção para que produtores de eventos, sejam eles públicos ou privados, tenham certeza de que o direito do autor foi pago. Exortamos os patrocinadores a ter o cuidado de associar sua marca a quem respeita a legislação, e a não aceitar, de maneira alguma, apoio a eventos musicais que não pagam ao autor, o criador maior da festa.

*Isabel Amorim é superintendente do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad)

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