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GERADO EM: 26/06/2024 - 00:03

A influência de Odylo Costa no JB

O livro A invenção do maior jornal do Brasil destaca a importância de Odylo Costa na reforma do Jornal do Brasil nos anos 1950. A obra ressalta a influência de figuras como a Condessa Pereira Carneiro e Alberto Dines na consolidação do jornal como um dos melhores do país.

O livro “A invenção do maior jornal do Brasil”, de Luiz Gutemberg, que trabalhou como repórter do Jornal do Brasil exatamente na época em que se processava essa invenção, tem grande valor para a história da imprensa no Brasil, a partir do título perfeito. A invenção, diz o título, “conduzida por Odylo Costa, filho”. Recuperar a importância de Odylo no Jornal do Brasil foi importante, mas especificar seu papel de condutor me parece fundamental.

O livro, idealizado por Teresa Costa d’Amaral, é apresentado como desfecho da polêmica que durou anos: quem foi o autor da reforma do Jornal do Brasil nos anos 1950? Gutemberg evita o termo autoria, já que vários redatores aperfeiçoaram as medidas básicas e iniciais de Odylo, mas o consagra corretamente como condutor.

Tive a sorte de iniciar minha longa carreira jornalística exatamente quando se processava a importante reforma. Gutemberg registra, na página 405 do livro, o fato: “Ana Arruda acabara de se diplomar no curso de Jornalismo na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. (…) Tinha participado da redação do Roteiro da Juventude, jornalzinho da Juventude Estudantil Católica (JEC), dirigido por Cícero Sandroni, que lhe recomendou procurar o Jornal do Brasil. Ela se apresentou com a cara e a coragem, foi admitida e logo inauguraria a ‘reportagem de página inteira — um tema, várias retrancas’, como Odylo descrevia, orgulhoso, as reportagens de Ana”.

Capa do audio - Pedro Doria - Vida Digital CBN

Foram tempos maravilhosos, quando, aos 21 anos, tive a oportunidade de viajar pelo Brasil, abordando grandes temas como a reforma agrária e a infância abandonada. E conhecer Brasília quando era quase tudo barro, ao cobrir uma Conferência de Bispos em Goiânia que incluiu uma visita à capital em construção.

Voltemos à questão da autoria da reforma que transformou, de fato, o Jornal do Brasil no melhor jornal do país na época.

O livro faz um excelente resumo da vida do jornal, destacando a morte, em 1954, do então proprietário, Conde Pereira Carneiro, a entrada de Odylo em 1956 e o domínio de Nascimento Brito com a saída de Odylo, em 1958. Muito importante é a valorização do papel da Condessa Pereira Carneiro, geralmente posta em segundo plano, apenas como proprietária-herdeira. Enquanto estive lá, Dona Maurina comandava o jornal, não era figura decorativa. E havia sido decisiva na escolha de Odylo como redator-chefe. Com a saída dele, que introduzira no jornal a pauta, além da redação das notícias com lide e sublide, à maneira dos jornais norte-americanos — reformas fundamentais —, há o declínio do poder da Condessa e o início do comando de seu genro, Manoel Francisco do Nascimento Brito.

“É adotada então uma solução interna: Janio de Freitas, que muitos historiadores, que desprezam o papel de Odylo entre 1957 e 58, consideram o verdadeiro autor da reforma do jornal, admitido como copidesque e que diagramava a seção de esportes, traz de volta Amílcar de Castro (que havia saído por se desentender com Odylo) e define os limites éticos da independência da redação”.

Wilson Figueiredo, sobre a passagem de Janio na chefia, destaca: “estabelece ortodoxia gráfica e intolerância com maus textos”. E, para mim, o artista plástico Amílcar de Castro foi o “escultor” da cara do JB nos seus melhores tempos.

Em 1962, Brito leva Alberto Dines a um longo período de todo-poderoso redator-chefe do JB.

A reforma estava consolidada.

*Ana Arruda Callado é jornalista

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