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A manutenção do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) até o fim de 2026 dará aos setores envolvidos a oportunidade de mostrar quanto podemos contribuir para o crescimento econômico do Brasil.

Os últimos anos foram difíceis para nós. Paralisamos nossas atividades durante um dos períodos mais graves da História de nosso país, a pandemia de Covid-19, que ceifou a vida de mais de 700 mil pessoas. Parar e preservar vidas era o correto a fazer, mas isso teve impacto gigantesco em nossas atividades — e, em consequência, na vida de milhões de pessoas que trabalham, direta ou indiretamente, nos setores de turismo, eventos e cultura.

Nos últimos anos, o nível de emprego das empresas incluídas no programa vem passando por recuperação mais lenta que outros setores no país. Na comparação com 2019, o crescimento do emprego nas atividades econômicas que fazem parte do Perse foi de 4,3%, enquanto no Brasil foi de 11,8%, de acordo com dados do Caged.

Os setores incluídos no Perse são a porta de entrada no mercado de trabalho para grupos de trabalhadores mais vulneráveis, como mulheres, jovens e negros.

De acordo com dados do IBGE de 2022, do total de empregados no setor de turismo, 54,1% são mulheres; 20% têm entre 14 e 24 anos; 57,2% são pretos ou pardos. O turismo emprega mais mulheres, jovens e pessoas pretas e pardas que a média nacional, além de incentivar o desenvolvimento regional. Em 2023 os setores incluídos no Perse foram responsáveis pela criação de 234.555 postos de trabalho.

Capa do audio - Linha Aberta - Carlos Alberto Sardenberg

O forte impacto da pandemia de Covid-19 nos setores de turismo, eventos e cultura foi reconhecido noutros países que, de forma semelhante à lei brasileira, também criaram programas de apoio financeiro.

No Chile, ele representou 0,06% do PIB; 2,9%, na África do Sul; 0,12%, em Portugal; 1,5%, no Reino Unido; e 0,1%, nos Estados Unidos. No Brasil, o apoio foi equivalente a 0,05% do PIB, com base na renúncia tributária estimada pela Consultoria Tendências.

Planos de investimento para impulsionar o setor foram promovidos por países ricos e emergentes. Em Portugal há o Reativar o Turismo — Construir o Futuro, com vigência até 2027. Nos Estados Unidos, foi criado o Plano de Resgate da América, com duração até 2025. No Chile e no Reino Unido, foram instituídos o Plano Diretor de Infraestruturas Turísticas e o Plano de Recuperação do Turismo, respectivamente, com duração até 2025.

No Brasil, 3,7 milhões de pessoas trabalham em empresas incluídas no Perse. Quando levamos em consideração aqueles ocupados indiretamente nos setores de turismo, eventos e cultura, chegamos a uma massa de 7,3 milhões de trabalhadores.

Juntos, formamos um hub setorial com cerca de 595 mil empresas e 2,83 milhões de MEIs, que movimentam uma massa salarial de R$ 99 bilhões. Mesmo com um ritmo mais lento de recuperação que outros setores, contribuímos com 4% do PIB.

Recuperados, poderemos fazer muito mais pelo país. Por isso é preciso ver o Perse como um investimento no crescimento do Brasil, e não como um gasto.

*Doreni Caramori Junior é empresário e presidente voluntário da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos

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