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Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 22/07/2024 - 00:03

Science20 (S20) destaca urgência em regulamentar IA e promover bioeconomia para desenvolvimento sustentável no G20.

O Science20 (S20), reunindo cientistas do G20, destaca a urgência de regulamentar a inteligência artificial e promover a bioeconomia. Alertas sobre mudanças demográficas e desafios em saúde são enfatizados, visando um desenvolvimento sustentável. A ciência é vital para enfrentar dilemas globais, e os líderes do G20 são instados a ouvi-la.

Tem ciência no G20. Com independência e responsabilidade, representantes das academias de ciências dos países do bloco trabalharam para chegar a consensos, respeitando as diversidades de um grupo heterogêneo. O comunicado final — norteado pelos temas inteligência artificial, bioeconomia, transição energética, desafios da saúde e justiça social — reforça o compromisso de transformar o mundo pela ciência.

Nos últimos anos, por causa da pandemia, boa parte do mundo entendeu a importância de ouvir a ciência. Agora, outros alertas têm sido feitos sobre o risco de novas emergências — não apenas na saúde, mas também ambientais, econômicas e sociais.

O comunicado final do Science20 (S20), dirigido a chefes de Estado e governo, sublinha esses alertas. Com a revolução em curso gerada pela inteligência artificial, cientistas do G20 deixaram claro em suas recomendações a necessidade urgente de regulamentar o tema e adotar medidas de proteção a trabalhadores e valores humanos, sem frear a inovação.

Isso significa trabalhar em conjunto em bases de dados e centros regionais de pesquisa. Ao mesmo tempo, criar estruturas intergovernamentais para supervisionar tecnologias e reduzir riscos como o aumento das desigualdades.

Em meio às mudanças climáticas, é simbólico que cientistas das maiores economias do mundo, inclusive algumas que têm no petróleo sua força econômica, reconheçam em seus alertas que é preciso aumentar o uso de fontes de energia com baixas emissões de carbono. É expressivo também que abordem novas alternativas energéticas.

A diplomacia exige consensos; a ciência, rigor. Ao unir as duas vertentes, o S20 avança definindo critérios para a bioeconomia e promovendo a participação das comunidades indígenas e tradicionais na tomada de decisões. Propõe ainda cooperação internacional e multilateral, chance única de alavancar a bioeconomia e atingir um desenvolvimento sustentável.

Na saúde, as recomendações incluem promover a cobertura universal, preparar-se para pandemias, avançar na saúde digital, enfrentar impactos climáticos e priorizar a saúde mental. O objetivo é desenvolver um sistema equitativo, sustentável e resiliente.

Os desafios ainda são muitos. Pobreza, desinformação e a necessidade de investir rapidamente na alfabetização — agora digital — estão entre eles. Alertamos ainda os países sobre a necessidade de se antecipar às mudanças demográficas, o que é essencial para planejar novas tecnologias.

Infelizmente, não existe fórmula mágica. Mas há um consenso: é preciso um olhar atento para a ciência — e desta, para a sociedade.

Com o tema “Ciência para a transformação global”, o S20 ecoa o compromisso global estabelecido em 2015 de erradicar a pobreza, proteger o meio ambiente e atingir metas de desenvolvimento sustentável até 2030. O comunicado final mostra que os cientistas entendem a importância de retomar essa agenda.

É o reconhecimento de que, sem ciência, não há justiça social. Ao reunir a comunidade científica, o S20 converte essa visão em propostas que podem fazer diferença não só para o G20, mas para todo o mundo. Cabe ao Brasil, agora, incorporá-las a seu rol de recomendações finais.

Nos últimos anos, boa parte do mundo entendeu a importância de ouvir a ciência. Que os líderes do G20 reforcem essa máxima.

*Helena Nader é presidente da Academia Brasileira de Ciências e professora emérita da Escola Paulista de Medicina da Unifesp

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