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GERADO EM: 06/07/2024 - 00:05

Oscilação de humor do Brasil: críticas e otimismo

O artigo destaca a oscilação de humor do Brasil, indo da euforia à depressão rapidamente. Critica-se a falta de equilíbrio na análise do país, ressaltando a importância de críticas construtivas e otimismo para o desenvolvimento. Defende-se o fim da reeleição e a necessidade de acreditar na capacidade do Brasil em resolver problemas e se desenvolver.

A apreciação sobre nosso querido país tem sofrido ao longo de diferentes momentos de ciclotimia. O dicionário Aurélio define ciclotimia como “Predisposição a mostrar alternâncias de comportamento, que ora é de depressão, ora de excitação”.

Analisando o comportamento de nossas elites e dos formadores de opinião, diagnosticamos ser o Brasil uma nação ciclotímica. Passamos da euforia a uma visão depressiva com incrível rapidez e nem sempre com justificativas plausíveis. Nas análises e no comportamento que registramos ou ouvimos, parecem tratar de outro país que não o nosso. Noutros momentos, nos enaltecemos e nos achamos um país privilegiado, com enormes recursos, incrível potencial e todas as pré-condições para ocupar posição de destaque no planeta. De repente, damos uma guinada de 180 graus e somos tomados por um pessimismo destrutivo. Todos os problemas que existiam e eram conhecidos vêm à tona, queremos soluções para aqueles que se acumularam ao longo de gerações e desejamos que sejam resolvidos imediatamente.

Os opositores do atual governo o acusam de incompetente e têm uma posição crítica em relação ao que não é feito. O Congresso é formado por políticos que somente buscam vantagens para si e os seus. A classe trabalhadora quer ganhos incompatíveis, e operamos com baixa produtividade. Temos uma elite distanciada dos problemas sociais, que não se dá conta das desigualdades que nos colocam entre os países de maiores índices de diferença de renda entre ricos e pobres. Somos todos favoráveis a reformas, mas não estamos dispostos a fazer concessões. Seria incompatível o crescimento com maior distribuição de renda? Não conseguiremos equacionar no curto prazo os problemas citados, que nos afligem há bastante tempo, a menos que optemos por uma solução radical, como a praticada por Javier Milei na Argentina.

As críticas também estão associadas a interesses contrários e disputas de poder. Ainda não completamos metade do mandato do atual presidente, e a questão sucessória já ocupa espaço indevido e tira a atenção das prioridades, do que tem de ser feito atualmente. Creio ser insano ficar trabalhando ou torcendo pelo fracasso do atual mandatário. Sem abrir mão das críticas construtivas, com um ambiente de humor negativo não ajudaremos nosso projeto de desenvolvimento.

Capa do audio - Vera Magalhães - Viva Voz

Aproveito para defender o fim da reeleição, mantendo um mandato para os governantes de cinco anos, sem nova candidatura. O que me parece melhor para atender a democracia seria um mandato que o desobrigasse de buscar a reeleição.

Voltando ao quadro atual, as boas notícias são sempre apresentadas com condicionantes e as negativas, mostradas com amplo destaque.

Com essa conformação interna, fica difícil imaginar que os investidores estrangeiros tenham opinião diferente, pois acabam refletindo o que aqui divulgamos. Devemos ressaltar que somos conhecidos pelo aguçado espírito crítico, muitas vezes devastador, e em alguns grupos notamos um complexo de terceiro-mundo.

Termino reiterando que devemos acreditar em nossa capacidade de resolver problemas, e não nos olhar como inaptos para trilhar o caminho correto. Beirando os 90 anos, estou cansado desse espírito derrotista que acredita que o Brasil não dará certo e que lá fora tudo é perfeito. Melhor que mudar de país é ficar para ajudar a mudar o país. O Brasil não é o país do futuro, mas sim o país do presente que estamos construindo.

*Roberto Teixeira da Costa é economista

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