Editorial
PUBLICIDADE
Editorial

A opinião do GLOBO

Informações da coluna

Editorial

A opinião do GLOBO.

Por Editorial

O novo presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, informou que a empresa constituiu um grupo de trabalho com o objetivo de formular um plano para o Brasil voltar a construir navios. Operadora de uma rede de 8.500 quilômetros de gasodutos e oleodutos, dona de terminais marítimos e de uma frota de navios, a subsidiária da Petrobras será usada para, com suas encomendas, sustentar os estaleiros beneficiados pelo programa. Eis uma evidência contundente de que o PT não parece ter aprendido nada com os erros que cometeu nos 13 anos em que ficou no Palácio do Planalto.

O argumento dos defensores da proteção a qualquer setor é sempre o mesmo: gerar empregos. Bacci lembrou que a indústria naval empregava 82 mil em 2004 e agora apenas 20 mil. Fica subentendido que, com o mercado garantido pelas encomendas da Transpetro, esse número voltará a crescer.

Também foi assim nos governos anteriores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ex-presidente Dilma Rousseff. Com a descoberta do pré-sal, as gestões petistas idealizaram a Sete Brasil, semiestatal que, de partida, encomendou 29 sondas submarinas a estaleiros — alguns construídos só para o negócio —, com investimentos totais previstos de US$ 26,4 bilhões.

Quase nada ficou pronto, porque a Sete, além de naufragar em dívidas, tinha destaque no esquema do petrolão, desbaratado pela Operação Lava-Jato. O dinheiro da Petrobras era desviado em favor de políticos e partidos, entre os quais o PT. Para dar uma ideia do prejuízo, só um acionista — o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o Petros — firmou na Justiça um acordo para receber R$ 900 milhões como ressarcimento pelo investimento perdido na Sete Brasil.

Não foi a primeira aventura naval brasileira. Nos governos Ernesto Geisel e João Figueiredo, tentou-se até exportar navios, fortemente subsidiados. O resultado foi um calote de US$ 500 milhões na Carteira de Comércio Exterior (Cacex) do Banco do Brasil. No final do governo Figueiredo, em 1984, estourou o escândalo da Sunamam (Superintendência Nacional da Marinha Mercante), agência que dava aval fajuto a estaleiros com que estava em atraso, para eles levantarem dinheiro junto aos bancos. Nada deu certo. Depois da ditadura, foi lançado o Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef), também sem resultados positivos.

Agora, mais uma vez a Petrobras será usada na tentativa de substituir importações num setor em que o Brasil não tem chance diante dos estaleiros asiáticos. Fala mais alto, porém, a ideia fixa do governo petista de “reindustrializar” o país por meio de subsídios, esquemas de proteção e reservas de mercado. Se o plano for adiante, os acionistas da Petrobras, controladora da Transpetro, arcarão com os prejuízos de mais esse erro empresarial cometido em nome do Estado. Num segundo momento, o contribuinte será chamado a capitalizar estatais em apuros. E o país estará novamente diante do naufrágio da mesmíssima iniciativa que tantas vezes já viu soçobrar.

Mais recente Próxima Lei Geral do Esporte é avanço contra a violência e o preconceito no futebol