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Por Editorial

Os efeitos do aquecimento global se tornaram mais evidentes para milhões de pessoas nas últimas duas semanas. Na Sicília, ao sul da Itália, ontem os termômetros marcaram quase 47 °C e chegaram perto do recorde europeu de 48,8 °C, registrado no mesmo lugar há dois anos. O calor fez o número de idosos em setores de emergência de hospitais crescer 25%. Na Grécia, os incêndios perto de Atenas seguem sem dar trégua.

Em Pequim, a temperatura máxima diária continua acima dos 35 °C há quatro semanas, um recorde. No domingo, uma localidade no Nordeste do país chegou aos 52,2 °C, maior temperatura já registrada na China. No começo da semana, em um festival na cidade de Kyoto, no Japão, nove pessoas, incluindo crianças e idosos, foram hospitalizadas devido ao calor. Phoenix, no sul dos Estados Unidos, teve ontem o 20º dia consecutivo com os termômetros registrando marcas acima dos 43,3 °C. No Canadá, os incêndios já consumiram mais de 10 milhões de hectares e se mantêm espalhando fumaça e fuligem por áreas urbanas. Vale lembrar que foi no começo deste mês o dia mais quente da História já registrado numa escala global, de acordo com dados dos Centros Nacionais de Previsão Ambiental dos Estados Unidos.

Na semana passada, o Rio Grande do Sul sofreu com um novo ciclone extratropical, com força suficiente para alcançar Paraná, Santa Catarina e parte de São Paulo. As chuvas e ventos causaram estragos generalizados em dezenas de municípios e morte de pessoas atingidas por árvores e fios de eletricidade de postes derrubados pelos ventos. No Uruguai, o governo torce para que chegue ao fim a maior seca ocorrida em 70 anos. Até o fornecimento de água potável foi afetado.

Para dar uma ideia melhor do impacto das mudanças no clima provocadas pelo homem, o cientista brasileiro Carlos Nobre, um dos mais respeitados especialistas do mundo no assunto, coloca a questão numa grande perspectiva histórica. Em palestra recente, Nobre explicou: “De uma Era Glacial até o Período Interglacial, a temperatura varia de 5 °C a 6 °C, mas isso leva 10 mil, 12 mil ou 20 mil anos para acontecer. Nós, em cem anos, aumentamos a temperatura em quase 1 grau, o que significa acelerar a máquina climática em 50 vezes. O que faz a diferença não é tanto o valor da temperatura, mas o fato de estarmos acelerando nessa velocidade”.

É certo que ciclones, variações da temperatura do mar, tempestades de verão, secas e inundações sempre ocorreram. Porém em ciclos mais definidos, previsíveis e, em geral, menos intensos. O que acontece agora é algo totalmente diferente. Por isso exige uma ação combinada de todos os países para zerar as emissões dos gases do efeito estufa e se preparar para diminuir o impacto das catástrofes climáticas que já estão entre nós.

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