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A economia brasileira fechará 2023 com um resultado acima do esperado. Em janeiro, economistas e analistas consultados pelo Banco Central (BC) previam crescimento de 0,78% para este ano. Hoje é consenso que será próximo de 3%. O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre divulgado ontem pelo IBGE — uma tímida alta de 0,1% ante o anterior — não muda as projeções. De janeiro a setembro, a economia acumulou alta de 3,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. Ela veio acompanhada de queda no desemprego e aumento da renda.

O crescimento deste ano esteve concentrado no primeiro semestre. De janeiro a março, a economia deu um salto de 4,2% na comparação com o mesmo período de 2022, sobretudo devido à agropecuária. Com safra recorde, o setor cresceu 22,9%. No segundo trimestre, o ímpeto arrefeceu, mesmo assim o PIB cresceu 3,5%, puxado ainda pela agropecuária, pela retomada do setor de serviços e também pelo consumo das famílias. No terceiro trimestre, o crescimento caiu para 2% em relação ao ano passado. A alta acumulada em 12 meses é de 3,1%.

As características desse crescimento sugerem que o vigor de 2023 não será mantido em 2024. A projeção para o ano que vem é desaceleração. A sondagem do BC estima alta de 1,5% no PIB. Os motivos são basicamente três.

Primeiro, o empurrão que o agronegócio deu nos números deste ano não deverá se repetir. Em novembro, o IBGE divulgou prognóstico para a próxima safra. A colheita de cereais, leguminosas e oleaginosas deverá ser de 308,5 milhões de toneladas, 2,8% abaixo de 2023.

Segundo, apesar de os juros terem começado a cair, continuam altos, portanto o relaxamento da política monetária dificilmente será uma alavanca para o crescimento. Terceiro, o cenário externo segue incerto. Sem nenhum sinal de aumento da demanda chinesa, as exportações também tendem a ser frustrantes.

O ano que vem representa um teste para o modelo de crescimento praticado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva. Dependente da expansão do consumo, ele ainda se mostra incapaz de aumentar o investimento, que caiu 2,5% no trimestre. A incerteza sobre o êxito da política econômica leva as empresas a adotar uma posição defensiva, adiando seus planos de expansão.

Ao mesmo tempo, com a economia rodando em velocidade mais lenta, para Lula é grande a tentação de recorrer a mais gastos públicos na tentativa de cacifar o PT nas eleições municipais. Em governos petistas anteriores, o uso do Estado como indutor do crescimento fracassou. A recessão provocada pelo governo Dilma Rousseff deveria servir de aprendizado. Não existe atalho para promover o crescimento que passe ao largo do equilíbrio fiscal e das reformas do Estado.

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