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Apesar do avanço da direita mais radical em vários países, como França, Itália e Alemanha, o novo Parlamento Europeu, que tomará posse em 16 de julho, manterá a maioria de deputados alinhados ao centro democrático. Dados preliminares da eleição nos 27 países do bloco mostraram que a coalizão centrista que tem comandado o Legislativo da União Europeia (UE) permanecerá no controle no próximo mandato.

O Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, não apenas manteve o posto de maior legenda, mas ganhou dez cadeiras, somando 186. A Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), de centro-esquerda, perdeu quatro deputados, mas continua com 135, na segunda posição. O liberal Renovar a Europa perdeu mais espaço, caiu de 102 para 79 cadeiras. Mesmo assim, os três partidos que formam o eixo do Parlamento Europeu preservaram uma maioria moderada em torno de 400 cadeiras, ou 55% do total. É quatro pontos abaixo do que tinham, mas o bastante para manter o controle. Os principais derrotados das eleições deste ano foram os Verdes, normalmente aliados do bloco centrista. Eles tinham 71 deputados e provavelmente só elegeram 53.

A expectativa, portanto, é a continuidade na maioria das políticas, entre elas o apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia, maior conflito em solo europeu desde a Segunda Guerra. Mesmo antes do resultado oficial, é possível afirmar que os eleitores desmentiram as previsões de erosão irremediável do centro. É verdade, contudo, que partidos da ultradireita conquistaram terreno e chegaram perto de um quarto dos assentos, ante um quinto no pleito de 2019. Embora não tenham força para impor sua agenda, certamente influirão na pauta da discussão.

Na França, o Reunião Nacional, liderado por Marine Le Pen e Jordan Bardella, ficou com 31% dos votos, mais que o dobro do percentual dado à aliança apoiada pelo presidente Emmanuel Macron ou aos socialistas liderados por Raphaël Glucksmann. Diante da derrota, Macron anunciou a dissolução da Assembleia Nacional francesa e convocou eleições legislativas. O primeiro turno ocorrerá em 30 de junho. A reação é uma aposta arriscada de Macron, atualmente num governo de minoria. Ele acredita que, em razão das peculiaridades do sistema eleitoral francês, a ultradireita não terá o mesmo êxito nas eleições locais. Na Alemanha, os três partidos da coalizão do primeiro-ministro Olaf Scholz perderam para os radicais de direita do Alternativa para a Alemanha (AfD). Mesmo assim, com 16% dos votos, o AfD ficou abaixo dos 22% previstos por pesquisas e atrás dos conservadores da coalizão CDU/CSU (30%). Na Itália, os Irmãos da Itália, legenda de ultradireita da primeira-ministra Giorgia Meloni, ficou com 29% dos votos, acima do resultado obtido nas eleições de 2022.

O espaço conquistado pela ultradireita deve resultar em políticas mais restritivas à imigração na UE, antiga demanda do eleitorado. Mas é cedo para saber qual será o nível de coesão do bloco mais radical. Desde eleita, Meloni tem adotado medidas mais sensatas do que suas promessas eleitorais faziam crer. Não é certo que aceite fazer pacto com Le Pen e os demais radicais. O primeiro teste tem data marcada. Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de centro-direita, está em busca de um segundo mandato. A eleição será no dia 18 de julho.

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