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A opinião do GLOBO.

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As doenças agravadas pelas mudanças climáticas atingem toda a população, mas em especial os mais novos. As internações de bebês com menos de 1 ano por pneumonia, bronquite e bronquiolite no Sistema Único de Saúde (SUS) bateram recorde no ano passado, com 153 mil casos, pouco mais de 419 por dia, constatou estudo do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), da Fiocruz, e da Faculdade de Medicina de Petrópolis (Unifase). De acordo com dados dos primeiros seis meses deste ano, a incidência dessas doenças entre recém-nascidos levou a 71,5 mil internações. Se o segundo semestre mantiver a tendência do primeiro e houver 143 mil internações, 2024 só será superado por 2023.

Mudanças bruscas na umidade do ar e variações de temperatura afetam os mecanismos de defesa do corpo humano. Indefinição nas estações do ano, outro efeito das transformações no clima, altera a distribuição dos agentes infecciosos e a sua sazonalidade. O relógio biológico fica confuso. Recém-nascidos, cujo sistema imune ainda está em formação, são as maiores vítimas das oscilações. Dados da organização de saúde pública Umane revelam que crianças de até 14 anos responderam por 55% das hospitalizações no ano passado. Infecções de ouvido, nariz e garganta representaram 67,5% dos casos.

Soma-se a tudo isso a deficiência na vacinação de mães e bebês. Durante a pandemia, a cobertura foi reduzida, e mais crianças crescem num ambiente de vulnerabilidade. Um exemplo é a vacina tríplice contra difteria, tétano e coqueluche. Sua cobertura esteve abaixo de 50% entre 2020 e 2022. Já se recuperou e está hoje em 61,9%, mas ainda longe do nível ideal de 95%.

É conhecida a sazonalidade das internações ao longo do ano, mas surtos inesperados ou fora de época, como o de dengue, têm sobrecarregado os hospitais neste ano. É preciso que a cobertura vacinal, em queda desde 2015, continue a subir para reduzir a pressão sobre o sistema de atendimento. Mas em 2023 nenhuma vacina atingiu 90% do seu público-alvo. “Temos avanços, no ano passado não tivemos casos de sarampo no país, mas precisamos bater as metas, que não são um valor administrativo, mas uma necessidade real para barrar doenças”, afirma Evelyn Santos, gerente da Umane.

O clima continua a preocupar. A forte seca na Amazônia e no Pantanal tem favorecido grandes incêndios, e a fumaça com fuligem é transportada para Sul e Sudeste em direção ao Atlântico. Degrada-se a qualidade do ar, já afetado pelo clima muito seco, facilitando a propagação das doenças respiratórias. A piora na saúde da população é mais uma consequência nefasta das mudanças climáticas.

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