Flávia Oliveira
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Flávia Oliveira

Jornalista

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Flávia Oliveira

RESUMO

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GERADO EM: 02/08/2024 - 00:05

"Ginástica Feminina do Brasil: Esperança e Equidade Impulsionam Conquistas"

O artigo destaca a conquista histórica da equipe feminina de ginástica do Brasil e a diversidade representada pelas atletas. Rebeca Andrade e Simone Biles são mencionadas como exemplos de maturidade e superação. Além disso, aborda a importância da esperança e equidade intergeracional para um futuro melhor, ressaltando o papel do Pnud. A mensagem central é que a esperança impulsiona resultados reais e é personificada pelas ginastas brasileiras.

Daiane dos Santos foi às lágrimas com o inédito bronze da equipe feminina de ginástica. E quem ainda não chorava, certamente, chorou junto. A medalha coletiva coroa o esforço de gerações de meninas e mulheres brasileiras que fizeram da vida esporte. O reconhecimento em Paris 2024 ratificou o valor da diversidade — etária, étnico-racial. Daiane, 41 anos, treinou com Jade (33), que treina com Lorrane (26) e Rebeca (25) e Flávia (24), que treinam com Julia (18). Foi bonito o encontro de idades e raças das cinco meninas do Brasil; diferenças que multiplicam, enriquecem, premiam.

Daiane, primeira negra a conquistar o ouro mundial (2003, solo, Estados Unidos) num esporte, na origem, reservado a pessoas brancas, chorou ao testemunhar gerações seguintes colhendo o que ela semeou. Rebeca, a brasileira com o maior número de medalhas olímpicas até aqui, é o orgulho das antecessoras no ofício, é o sonho dos ancestrais negros arrancados de África para destino incerto e cruel.

Duas décadas atrás, era em Daiane que a pequena atleta se inspirava para levar adiante a ambição de vencer na ginástica. A veterana, hoje comentarista, se emocionou com a continuidade, a permanência, o passado tornado futuro. Conceição Evaristo, escritora premiada que abriu uma avenida de possibilidades para mulheres negras na literatura, costuma repetir que, mais importante que ser a primeira, é não ser a única. Por isso, Daiane chora.

Bem que se quis fazer tóxica a disputa entre Simone Biles e Rebeca Andrade. Gigantes que são, nenhuma mordeu a isca da pequenez. Pelo Washington Post, jornalão americano, soubemos que foi a supercampeã americana da ginástica quem, em momentos dramáticos da brasileira por lesões no joelho, a aconselhou a não desistir. Por gratidão e solidariedade, Rebeca fez o mesmo quando Simone, a Biles, ainda durante os Jogos de Tóquio 2021, decidiu se recolher para cuidar da saúde mental.

— Eu sei que ela quer vencer, mas ela continuará torcendo por mim. E ela sabe que eu quero vencer, mas continuarei torcendo por ela — resumiu a Rebeca ao “Post”, provando que maturidade não é sobre idade.

Duas jovens negras, Simone e Rebeca, ocupam o topo do mundo da ginástica artística. Têm vocação, esbanjam talento, espalham lições. Biles passou por orfanato antes de ser adotada pelos avós maternos, que tem como pai e mãe. Andrade foi apresentada ao ofício num projeto social. São ambas estrelas nascidas para brilhar num mundo extremamente desigual que tem muito a aprender com elas, verdadeiras campeãs.

Às vésperas dos Jogos de Paris, que se pretendem diversos, inclusivos, paritários, democráticos, da abertura ao encerramento, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) publicou um documento para embasar a Cúpula do Futuro da ONU, marcada para setembro, em Nova York. São oito dezenas de páginas resultantes de consultas a ativistas, especialistas e organizações dos cinco continentes. O objetivo do relatório é a equidade intergeracional. Em livre interpretação, o conceito resume as estratégias que gerações do presente vamos aplicar para que herdeiros tenham vida melhor e possibilidade de escolha, sobretudo no que diz respeito à preservação ambiental.

O nome pomposo cabe como luva nas tecnologias de permanência que ancestrais negros, negras, indígenas puseram em prática para assegurar a existência dos descendentes. Esse povo que luta e salta e se equilibra e dança explica o Brasil chegar a 2024 com mais de metade da população autodeclarada preta ou parda. E a existência de parentes empenhados em receber de volta o Manto Tupinambá, ancião sequestrado de aldeia no Sul da Bahia há quase quatro séculos.

O fundamento da publicação é a esperança. Sim, o Pnud a apontou como ativo essencial à perspectiva de futuro, quase sempre profecia autorrealizável. Como as pessoas dão mais atenção ao provável ou plausível, expectativas negativas produzem porvir sombrios. “É por isso que precisamos incentivar a esperança e a crença em futuros positivos, para que as pessoas tomem decisões que ajudem esses futuros a se materializarem”, sugere o texto.

Esperança, para o Pnud, é mais que “um sentimento agradável”. É alavanca para impulsionar resultados reais, o avesso do medo. Mensagens positivas sobre as mudanças climáticas são capazes de inspirar iniciativas produtivas, satisfatórias, vencedoras. A esperança, resume a agência da ONU, engloba habilidades que podem desenvolver bem-estar e resiliência. Sempre soubemos que a esperança é Daiane, Jade, Lorrane, Flávia, Rebeca, Simone. Esperança é ouro, prata, bronze.

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