Washington Olivetto
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Tem quem ame, tem quem odeie. Tem os que gostam e os que detestam. Tem aqueles que se maravilham e aqueles que não se encantam. Estou falando do filme “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”, grande vitorioso do Oscar de 2023.

Eu que gosto de filmes como os antigos “Nós que nos amávamos tanto”, de Ettore Scola, e “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatore, ou do atualíssimo “Pinóquio”, de Guillermo del Toro, faço parte da turma dos que não se encantam. Essa mistura das linguagens do TikTok e do Instagram com o cinema decididamente não me seduz.

Mas deve ser porque estou ficando velho.

A maioria dos jovens com quem convivo é fanática pelo filme. A ponto de descreverem detalhes que nem reparei que existiam, mesmo tendo visto o filme em tela grande.

Certamente por causa da garotada, os lobistas do Oscar venderam a ideia de que esse filme como grande premiado seria ótimo para rejuvenescer a imagem da Academia. Essa teoria, somada à gigantesca campanha de marketing feita na China, deu mais do que certo: conquistou sete estatuetas extremamente importantes.

Mas, fora a vitória desse filme, outros fatos também chamaram a atenção nesse Oscar que procurou se mostrar como exemplo de diversidade.

Entre os resultados, destaca-se a vitória do antifascista “Pinóquio”, na categoria desenho animado, registro importante neste momento que o mundo está vivendo. Entre os fatos surpreendentes, chama a atenção a ausência de algum prêmio para o filme “Os Fabelmans”, de Steven Spielberg.

Entre os assuntos comentados por saudosistas, inclui-se o Oscar de melhor ator dado a Brendan Fraser pela atuação em “A Baleia” — os saudosistas consideram a engordada real, dada por Robert De Niro para fazer “Touro Indomável”, uma engordada mais espetacular que a de Fraser. Entre os acontecimentos esperados, temos o filme “Elvis”, que concorreu a tudo e não ganhou nada.

Entre os episódios estranhos, destaca-se a vitória de uma canção indiana numa categoria onde existiam canções melhores. Foi uma espécie de Hollywood homenageando Bollywood, e, para completar a estranheza daquele momento, o premiado resolveu agradecer o troféu parodiando uma canção dos Carpenters.

Fora isso, o Oscar foi apresentado pelo humorista Jimmy Kimmel, que, numa das entrevistas com a plateia, tentou fazer uma piada desnecessária e inoportuna com a ativista pacifista Malala Yousafzai. Entre atônita e pasmada, ela respondeu fazendo cara de “me deixe em paz”.

Outro destaque deste Oscar foi boa parte dos figurinos dos participantes. Alguns homens trajando smokings que deixaram de ser smokings, mas não passaram a ser outra coisa — pareciam roupas de padre. E mulheres trajando peças de grifes famosas, como Dior, Valentino, Armani, Prada, Chanel, Gucci, Lanvin, Oscar de la Renta e Versace, que historicamente aproveitam a audiência mundial do Oscar e a beleza das atrizes para se promover.

A maioria dessas roupas era literalmente descabida, algumas com tecidos de menos, outras com tecidos de mais, causando tropeções e ameaças de tombos. As roupas exageradas me lembraram os concursos de fantasias carnavalescas da Revista Manchete, que aconteciam antigamente no Rio de Janeiro e eram tradicionalmente vencidos por Clóvis Bornay e Evandro de Castro Lima. Recordo que nessa época existiam as categorias originalidade e luxo. Castro Lima tradicionalmente vencia a categoria luxo, e Bornay a categoria originalidade.

Deu pra perceber como estou ficando velho?

Mas, voltando à vestimenta das mulheres do Oscar de 2023, quem na verdade se destacou desde o tapete vermelho até o palco foi Lady Gaga, que chegou com os lábios pintados, trajando um elegante Versace transparente, depois se apresentou sem maquiagem, vestindo uma camiseta, uma calça rasgada e um tênis usado.

Foi disparado a melhor, tanto na categoria luxo quanto na categoria originalidade. Merecia um Oscar de especial intérprete das coisas que aconteceram naquela noite no Dolby Theatre.

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