Washington Olivetto
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O site www.champagnetours.london é do tour de um ônibus vermelho de dois andares, com direito a DJ e champanhe, que circula por Londres diariamente. Coisa de uma cidade que mistura a fortuna do rei Charles III com as dos oligarcas russos, dos ídolos pop Paul McCartney e Mick Jagger, dos artistas plásticos David Hockney e Damien Hirst e de alguns bilionários indianos que vivem em Londres como se fossem invisíveis. Evidentemente, essa gigantesca quantidade de dinheiro circulante gera momentos em que cultura e consumo se misturam de maneiras surpreendentes, até porque Londres tem tudo o que Nova York tem, mas tem também o que Nova York não tem.

Começando pelo maior campeonato de futebol do mundo, a Premier League, disputada por diferentes times como o Chelsea, a equipe dos ricos, e o Tottenham, a da galera.

Na verdade, duas agremiações absurdamente prósperas, que iniciam suas temporadas com todos os ingressos para os jogos vendidos e mantêm nos estádios camarotes com maîtres e garçons que servem refeições regadas a bons vinhos antes e depois das partidas. A Londres dos clubes de futebol é também a dos clubes privativos, sendo alguns propositalmente opostos.

Como o Annabel’s, que prefere receber homens e mulheres, que chegam em Bentleys ou Rolls-Royces, vestindo as grifes mais badaladas e ostentando joias e relógios caros. Enquanto seu concorrente Soho House só aceita como sócios pessoas que tenham alguma atividade criativa, não vistam ternos, gravatas ou roupas de grifes aparentes, não falem em telefones celulares em público, nem postem fotos em Instagram ou Facebook.

Ainda no capítulo atipicidades, Londres abriu no ano passado, na King’s Road, mais uma Knoops Store. Uma loja que no inverno serve chocolates quentes de diferentes sabores, vindos de Congo, Colômbia, Equador, Filipinas, Ilhas Salomão, Madagascar, México, Peru, São Tomé, Tanzânia, Uganda e Venezuela. E no verão serve chocolates dessas mesmas origens, em forma de drinques gelados ou milk-shakes.

Assim como nos chocolates, Londres também surpreende nos botequins. Tem três bares de tapas espanholas com estrelas Michelin: o Sabor, em Mayfair; o Barrafina, no Soho; e o José, em Bermondsey e na Royal Academy of Arts.

Boa de salgados, mas também impecável nos doces, Londres ganhou três anos atrás um restaurante de sobremesas, criado por Albert Adrià, irmão do chef Ferran Adrià, que foi dono do histórico restaurante El Bulli, em Barcelona. Nesse restaurante, chamado Cakes & Bubbles, Albert Adrià combina bolos e doces com diferentes tipos de champanhe e recebe todos os dias uma enorme quantidade de mulheres bonitas e bem-sucedidas profissionalmente. Londres é mesmo de tirar o chapéu, ou de tirar a boina, sendo a mais prestigiosa delas uma confeccionada na Philip Treacy, da Elizabeth Street, que vende chapéus para a nobreza londrina. Nessa loja, uma boina com o nome original em francês, que é béret, custa quase £ 2 mil. Uma pequena fortuna, mas nada de tão escandaloso numa cidade onde uma simples máscara anti-Covid podia custar absurdas £ 25 se fosse a original com a língua vermelha dos Rolling Stones, vendida na loja que eles mantêm na Carnaby Street.

Essas maluquices são coisas de uma cultura popular endinheirada, como é da cultura popular intelectualizada a loja magCulture, que vende as revistas que acabaram de ser lançadas no mundo inteiro. Um fenômeno único, principalmente se levarmos em consideração que em muitos países as revistas impressas estão morrendo.

Morte e saudades não de revistas, mas de animais, são a razão do êxito da empresa suíça Lonite, que produz em Londres diamantes com o carbono extraído das cinzas de cachorros recém-cremados.

Algumas pessoas mandam fazer esses diamantes tentando imortalizar seus animais de estimação.

Dá pra entender, se nos lembrarmos da expressão criada pela redatora de publicidade Mary Frances Gerety para a joalheria De Beers, em 1948: A diamond is forever.

Expressão que continua mais atual do que nunca. No Brasil, principalmente.

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