Lembra dele? Assistente de palco mirim de Gugu, Dani Boy, hoje com 30 anos, virou cantor sertanejo

Eternizado no imaginário do público da TV dos anos 1990 como um garotinho loiro de terno chamado de Guguzinho, Dani Boy tem hoje 30 anos, é pai e viu muita coisa mudar na sua vida desde aquela época. Com apenas 5 anos ele se tornou assistente de palco do "Domingo legal" (SBT), apresentado por Gugu Liberato, que faleceu em 2019. O cantor sertanejo conta como reagiu à morte do artista que deu a ele a primeira oportunidade no programa:

— Só vi ele duas vezes desde a infância. A segunda vez foi um ou dois dias antes da sua morte. Eu o chamei para dar um depoimento em vídeo para o meu DVD. Ele tinha acabado de chegar em Orlando. Ao invés desse vídeo chegar, chegou a notícia do acidente. De primeiro momento a gente não acredita. Eu tinha muita admiração, pude aprender demais com o Gugu. É um cara que realizou muitos dos meus sonhos no início da minha vida. A ficha não cai. Parece que a qualquer momento o programa dele vai voltar ao ar — diz o pai de José, de 5 anos.

O jovem artista começou a ficar conhecido na sua cidade natal, Jacareí, com apenas dois anos, quando se apresentava como o palhaço Espiguinha na porta de lojas. Pouco tempo depois passou a trabalhar no SBT, onde ficou até os dez. Ele conta como a vida da sua família mudou a partir disso:

— Quando eu fui pela primeira vez ao "Domingo legal" não tinha nem uma roupa bacana para ir ao programa. Usei peças doadas. Venho de uma origem bem humilde mesmo. O que a gente construiu é fruto de muito trabalho e suor. Era muito criança e a minha família imatura em relação a isso. A gente simplesmente ia fazendo. Não tínhamos nenhuma proximidade com esse mundo. Era tudo muito novo. Virei álbum de figurinhas, boneco, chiclete, marca de roupas. Todo lugar que eu ia no Brasil as pessoas me tratavam com muito carinho. Meus pais tiveram que parar o trabalho deles para viver a agitação da minha vida, mas eles tinham também um salário estipulado. Ninguém me enganou, ninguém foi sustentado pela minha grana. Tudo aconteceu como tinha que ser. Tinham que prestar contas de onde estava esse dinheiro, do que foi gasto e o restante ia para uma conta que eu só poderia mexer quando fosse maior de idade.

Dani Boy trabalhou também no "A praça é nossa" e ficou a frente do "Sábado animado". Nessa época foi obrigado a deixar a emissora e pausar seu sonho. Devido ao baixo rendimento na escola, ele foi impedido de assinar qualquer contrato comercial.

— Se eu reprovasse ou atrapalhasse o meu desempenho acadêmico teria que deixar a carreira de lado. Fiquei quase seis meses sem conseguir frequentar a escola quando estava no segundo ano. Se hoje eu pudesse cuidar da minha carreira acho que algumas coisas poderiam ser diferentes, e a principal delas seria o meu cuidado com os estudos. Acredito que era inevitável devido à quantidade de compromisso, mas eu daria uma atenção a mais para o colégio. Acredito que a educação básica é primordial na formação do ser humano.

O artista ficou completamente afastado da mídia por anos, e conta como ele e a família reagiram ao baque:

— De primeiro momento não entendi muito bem. Foi no dia a dia que as coisas foram me mostrando o que estava rolando na realidade. Eu tinha uma rotina de cinco anos indo para o SBT várias vezes na semana, e aos fins de semana fazia shows. De um dia para o outro tudo mudou. Da mesma forma que as coisas aconteceram no início do nada, quando acabou também foi do nada. Mas a minha família me preparou para entender esse momento. Tive uma base muito boa. Nesse período passei a ser criança. O que não pude aproveitar no início da minha infância, consegui aproveitar nesse momento. Pude experimentar outras coisas e isso foi muito legal para eu ter certeza do que queria para a minha vida.

TV e famosos: se inscreva no canal da coluna Play no WhatsApp

Dani Boy optou por seguir no meio artístico e em 2013 voltou a cantar. Já adulto, ele usou o dinheiro produzido na infância para investir na carreira musical voltada para o sertanejo.

— Com toda certeza seria diferente (se eu não tivesse saído da TV) . Minha carreira musical estava tomando uma forma, as coisas iam acontecendo cada vez mais. Mas quando voltei a cantar em 2013 estudei, me preparei. E muitas coisas que acontecem hoje são frutos desse momento que fiquei fora da mídia me preparando para isso. E quando decidi voltar aquele garotinho loirinho já não existia mais. Então não fico pensando no "e se", porque com certeza algo seria diferente por esses oito anos que fiquei fora do mercado. Essa exposição que eu tive quando criança me abre portas em lugares incríveis, mas acredito muito no meu hoje para construir o meu futuro.