Drauzio Varella fala sobre novo quadro no 'Fantástico' e relação com o público: 'Não dá para ir à padaria sem dar uma consulta'

— Quando você fala em alergia, as pessoas pensam na alergia clássica. Quando você come um camarão e, de repente, tem manchas vermelhas no corpo. A alergia é um processo muito mais abrangente do que esse, né? Você não tem só alergia clássica de pele. Você tem alergias digestivas, de determinadas proteínas que você ingere e podem causar problemas alérgicos envolvendo sintomas digestivos, náuseas, diarreias, entre outros. Além das alergias respiratórias, que são muito frequentes, como as rinites. O objetivo da série é apresentar esse conjunto de processos alérgicos para as pessoas entenderem que todos fazem parte do mesmo tipo de reação do sistema imunológico e mostrar como reconhecer que há um problema alérgico.

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Há mais de duas décadas, Drauzio Varella aborda temas relacionados a prevenção e tratamentos para doenças em quadros no programa dominical. A estreia na TV Globo ocorreu em 15 de outubro de 2000, com uma série de 14 reportagens que mostrou as etapas da vida dos seres humanos. Ele analisa os principais desafios de explicar assuntos científicos na TV aberta:

— O tamanho desse desafio é você falar para uma audiência tão abrangente como a audiência do "Fantástico". Como é que você faz para encontrar a linguagem que todas as pessoas mais simples sejam capazes de entender e, que ao mesmo tempo, não faça uma simplificação grosseira, para que as pessoas com mais formação não achem que você está minimizando o conhecimento ao tentar passar essas informações. Isso não é uma tarefa simples. Você aprende no dia a dia. Tem sido uma tarefa muito interessante durante esses anos todos.

A repercussão do trabalho na TV colocou Drauzio na posição de médico da população brasileira, principalmente durante a pandemia da Covid-19. O resultado é estar sempre disponível a prestar esclarecimentos quando é abordado na rua:

— Quando você se expõe na televisão, como eu faço, e está em um país com uma dificuldade no atendimento médico como o nosso, com pessoas que têm problemas que não conseguem resolver, você precisa estar disposto a dar consulta o tempo inteiro. É o que faço. Muitas vezes a gente tem que dar uma orientação sobre qual tipo de atendimento procurar e onde. Não dá para ir à padaria sem dar uma consulta.

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Há quase 40 anos, o médico, de 80, é casado com a atriz Regina Braga, cujo trabalho mais recente na TV foi na novela "Um lugar ao Sol". Ele diz ter dúvidas se foi ela quem o influenciou a começar uma carreira na televisão:

— É muito difícil dizer. São tantos anos de convivência. É difícil você numa relação tão prolongada como esta dizer em qual aspecto um influenciou o outro, né? Acho que foram caminhos diferentes, porque ela sempre foi atriz. Quando conheci Regina, ela já era atriz e continua assim até hoje. Entrei nesta história através da medicina e nunca imaginei que fosse acabar fazendo este tipo de divulgação. Comecei isso antes de conhecê-la, ainda nos anos 1980, quando nós estávamos no auge da epidemia de AIDS em São Paulo, falando na rádio sobre a doença e gravando vinhetas educativas.

Além da série do "Fantástico", Drauzio Varella poderá ser visto no documentário sobre Pedrinho Matador, considerado o maior assassino em série do Brasil. O longa, dirigido por Fernando Grostein Andrade e Fernando Siqueira, estreia ainda este ano:

— O Fernando me ligou. Conheço ele porque fez um trabalho em cadeias há bastante tempo. Na época em que ele filmou num presídio de Guarulhos, ajudei a conseguir as autorizações e tal. Gosto muito do trabalho que ele faz. Aí ele me pediu para fazer um depoimento, mas uma coisa bastante simples mesmo. Ele tem muito mais material a respeito das coisas da vida do Pedrinho Matador.

O alcance que Drauzio Varella tem na televisão se reflete na internet. Mas ele diz que não é muito próximo das redes sociais. Por isso, não viu a repercussão de seu encontro, em agosto do ano passado, com o padre Júlio Lancellotti e o deputado estadual Eduardo Suplicy. Os registros renderam memes, já que o público apontou a semelhança física dos três:

— Não vi (os memes). Tenho uma participação grande na internet, com site com mais de quatro milhões de acesso por mês. Tenho todas as redes sociais também. O canal do YouTube é muito forte, com mais de três milhões e meio de acessos, mas eu tenho uma equipe profissional que faz isso. Eu mesmo não acesso de jeito nenhum por uma razão muito simples: não quero me irritar. E então não acompanho mesmo. Eu me lembro desse encontro, claro, mas não vi o que aconteceu na internet.

Drauzio tem presença marcante também na literatura. Seu livro “Por um fio”, inclusive, ganhará uma adaptação para o cinema. Romulo Estrela viverá o médico. A obra mostra as experiências dele como oncologista e narra a morte do irmão por câncer:

— Não sei nada (sobre a adaptação). Já tive livros adaptados para o teatro, para televisão e para o cinema. O mais conhecido deles foi o "Carandiru". Nunca me intrometi porque acho que é outra linguagem. Você não pode dar palpite no trabalho de alguém que vai adaptar esse roteiro para uma outra linguagem. Nunca interferi nem no "Carandiru".

Para dar conta da rotina profissional intensa, Drauzio Varella tem como uma de suas maiores prioridades a saúde. Ele pratica exercícios físicos e já completou as seis principais maratonas do mundo: Tóquio, Boston, Londres, Berlim, Chicago e Nova York:

— Cuido bem. Quando fiz 50 anos de idade, comecei a correr e corro até hoje. Na semana que vem, vou correr uma maratona. Precisa treinar e ter uma rotina de atividade física. Tenho conseguido manter essa rotina até hoje. Com 80 anos, tenho uma saúde legal. Não tenho nenhum problema maior. Não tomo nenhuma medicação. Minha pressão é normal. Minha glicemia também. Não tenho nenhuma doença crônica. É raro no Brasil chegar a esta idade sem ter algum problema.