Entrevistas
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Por Anna Luiza Santiago

Durante a pandemia, enquanto aguardava ansioso pela reabertura para poder voltar a atuar, Caio Blat se divertiu com uma mensagem da avó pelo celular: "Esta barba está horrível, corta isso". O que ela não sabia é que se tratava de um esforço do ator para a caracterização de um personagem importante. O resultado poderá ser visto nos cinemas em junho, quando estreia "Grande Sertão", filme dirigido por Guel Arraes em que ele interpreta Riobaldo (veja foto exclusiva abaixo).

— Eu estava muito preocupado com a passagem de tempo grande. Faço Riobaldo jovem e velho. Quando a gente estava prestes a filmar, veio a pandemia. Falei para o Guel: "Vou deixar a barba crescer durante toda a pandemia. Quando a gente for filmar, vou estar com a barba que a gente precisa para o personagem". Foram quase dois anos de espera. Todo mundo me perguntava por que eu estava com a barba tão grande. Foi a preparação para esse Riobaldo velho. Pedi para o Guel para começar por essas cenas, para ter a barba natural. É um registro da pandemia, do tempo em que a gente ficou em casa sem trabalhar, com teatros e estúdios fechados — explica.

Na adaptação para o cinema, o clássico de Guimarães Rosa é transposto para os dias atuais. Riobaldo, professor de uma escola pública de uma favela, se vê diante de um tiroteio. Diadorim (Luisa Arraes), que faz parte de um grupo criminoso, é baleada durante o conflito. O rapaz, então, ajuda a jovem a se esconder e fugir da polícia. Ao mentir para as autoridades, ele fica impedido de retomar a vida anterior. Apaixonado por Diadorim, resolve, então, entrar para a mesma organização. Blat e Luisa já tinham feito os personagens na peça de Bia Lessa "Grande Sertão: Veredas", que estreou no final de 2017:

— Quando o Guel me chamou, foi uma surpresa muito grande. Como já fazia peça da Bia e tinha plano de fazer também um filme dela, eu não imaginava de maneira alguma que o Guel fosse me chamar. Fiquei, confesso, até meio constrangido. Tinha feito toda uma pesquisa e uma criação de personagem com a Bia, seria como aproveitar um trabalho em outro. Quando li o roteiro, vi que não tinha absolutamente nada a ver. Aí foi que achei incrível: fazer duas versões do mesmo personagem em dois universos completamente diferentes. Fiquei muito feliz. Quando Guel chamou a Luisa para fazer Diadorim, então, fiquei muito emocionado e inspirado. A gente se conheceu e se apaixonou fazendo esses personagens. Então, vai ter um registro para sempre desse amor, desse encontro.

Os dois já contracenaram também na série "Amor e sorte", produzida pela TV Globo durante a pandemia. No ano que vem, vão rodar um filme juntos. Blat dirigirá um longa sobre Cacilda Becker que terá Luisa no papel de Cleyde Yáconis, irmã da atriz. Marjorie Estiano fará a personagem principal:

— Todo mundo fala que eu e Luisa somos muito parecidos. Ela é diretora, e eu sou diretor. A gente fica no set querendo dar palpite e tentando entender tudo. Ao mesmo tempo, temos uma parceria muito forte. Ficamos três anos viajando pelo país com a peça (de Bia Lessa), temos uma intimidade grande com o texto. Foi uma delícia, um prazer. Seja na série da Globo ou no set de "Grande Sertão", eu tinha uma ideia, ela tinha outra. A gente ficava discutindo qual era a melhor, mas sempre numa grande parceria.

Luisa e Caio completarão sete anos de relacionamento no fim de 2024. Os dois têm uma relação não tradicional. No mês passado, ela foi fotografada beijando o cantor Chico Chico, filho de Cássia Eller, num show no Rio. O ator comenta:

— A gente está junto há bastante tempo e quer ficar junto por bastante tempo. Acredito que a monogamia tem uma coisa de posse, de ciúme. Tem a ver com patriarcado. A gente se ama muito e respeita a liberdade um do outro. Isso só aumenta o nosso amor. Saiu só uma vez (uma foto), é bom. É a luta feminista. Faz parte. Luisa é uma mulher incrível. A gente é superapaixonado. Ela tem a liberdade dela. Acho ótimo.

Na ficção, Caio Blat também terá um relacionamento que rompe com os padrões. Será em "Beleza fatal", novela da Max com estreia prevista para o segundo semestre. Seu personagem, o cirurgião plástico Benjamin, viverá um casamento aberto com Lola (Camila Pitanga). Eles serão adeptos do sadomasoquismo:

— Tivemos muitas cenas ousadas. Eles vão para festas, ficam com várias pessoas. E as brincadeiras em casa também são legais, porque tem um jogo de dominação. Enquanto transam, eles planejam enganar a família dele e desviar dinheiro. Ela gosta de amarrar e chicotear. Meu personagem gosta de apanhar. Estávamos com todo apoio da equipe. Hoje em dia existe um preparador de cenas de intimidade. Houve todo um protocolo. Foi tudo muito bem cuidado. Camila é uma parceria inacreditável, maravilhosa. Foi um luxo trabalhar com ela. Vai ser uma novela bem forte, interessante e picante.

Este foi o primeiro trabalho de Blat no streaming após 24 anos na TV Globo. Além de atuar, ele fez parte da equipe de direção, comandada por Maria de Medicis:

— Foi uma experiência fortíssima. É um mercado novo, um formato novo. Estamos apostando muito, torcendo para que cresça. Tinha uma euforia de todos nós de estarmos abrindo um mercado. Nos sentimos meio precursores. Fazer novela de 40 episódios, para nós, é um luxo. Estávamos acostumados a trabalhar por sete meses fazendo de 160 a 180 capítulos. Levar sete meses para fazer 40 mostra o cuidado que se pôde ter em cada cena.

Caio Blat e Luisa Arraes — Foto: Reprodução/Instagram
Caio Blat e Luisa Arraes — Foto: Reprodução/Instagram
Caio Blat e o diretor Guel Arraes nos bastidores do filme "Grande Sertão" — Foto: Ricardo Brajterman
Caio Blat e o diretor Guel Arraes nos bastidores do filme "Grande Sertão" — Foto: Ricardo Brajterman
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