Larissa Bocchino fala de 'No rancho fundo', explica como foi dirigir filme estrelado por sua avó e conta como tem lidado com a fama

No ar como Quinota, em "No rancho fundo", Larissa Bocchino encara o desafio de viver sua primeira protagonista em uma novela. A mineira, de 26 anos, sabe a responsabilidade que tem nas mãos ao entrar todos os dias nas casas de milhões de brasileiros:

— Novela é um produto nacional que atinge milhões de pessoas, tem um peso artístico e cultural muito grande. É um trabalho zeloso, tem que ser feito com muito cuidado, apesar do processo industrial que é a produção: gravamos todo dia, vai ao ar todo dia. Nesta novela especificamente, eu não sou a protagonista solo, a Andréa Beltrão também tem esse lugar. Tem o núcleo jovem e o núcleo adulto. Nós duas carregamos isso como linha dramatúrgica, e é muito legal. Tenho bastante texto para decorar, muita carga horária para cumprir, vários dias de gravação. É uma responsabilidade profissional, ética, cultural, artística.

A atriz comemora a parceria com os colegas de elenco:

— Eu fui muito abençoada. É um privilégio grande ter parcerias tão grandiosas. A Andréa é uma superparceira de cena, uma mestra para mim. Eu aprendo demais com ela. A troca é recíproca. O Alexandre Nero também é um superparceiro. Tenho uma sintonia muito verdadeira com José Loreto e Túlio Starling, que fazem meus pares românticos. Eu e Túlio nascemos com dois dias de diferença. Às vezes você precisa de um carinho, de um abraço, e eu sinto isso muito com meus colegas de elenco. É um encontro sagrado.

Com o ritmo intenso das gravações, Larissa usa o pouco tempo que tem livre para estudar e descansar. Por isso, ainda não lidou diretamente com o público nas ruas, mas conta que recebe muitas mensagens nas redes sociais:

— Eu não saio tanto. Eu trabalho muito. Não tenho esse contato com o público ao vivo. Eu fui ao show da Madonna, e lá duas pessoas me pararam. Mas o contato com a rua, ir a uma padaria, à praia, eu não sei ainda como . Muitas pessoas mandam mensagem pelo Instagram. Em um mês de novela, meu Instagram chegou a 300 mil seguidores. As pessoas me escrevem dizendo que gostam da Quinota, que a novela é um afago. Isso é transformador. Você vê sentido naquilo que você faz enquanto artista.

O interesse em relação à sua vida pessoal também é algo novo para Larissa, que foi alvo de rumores sobre um romance com José Loreto. Ela conta que procura levar as fake news com leveza:

— Estou tão feliz e realizada artisticamente que isso pouco me abala. Eu sou muito realizada amorosamente, tenho um parceiro que é maravilhoso, então, eu não me importo muito. Foi engraçado, porque quando saiu essa notícia, e as pessoas que me conhecem sabiam que não era verdade. Meus pais mandaram nos grupos da família: "A primeira fake news da Larissa". A gente zoou muito, a gente meio que se divertiu. Como já era uma situação delicada e não é uma coisa tão legal de se inferir nas pessoas, a gente acabou levando para a comédia para também ser minimamente divertido. Nem tudo na vida tem que nos fazer sofrer. Acho que é leveza. De certa forma, eu não me atento a isso, não. Eu estou tão preocupada com meu trabalho e com a execução da novela que eu não fico lendo isso. Eu não tenho esse tempo, eu não me dou esse trabalho. Acho que não precisa.

O namorado de Larissa também lida bem com os boatos:

— Não tem essa preocupação. Quem sabe da nossa relação é a gente, não faz diferença. Eu não exponho ele na minha rede social.

Larissa foi uma das vencedoras do concurso "Uma nova estrela para o Brasil", realizado em 2022, no programa "Faustão na Band". Como prêmio, participaria da novela "Beleza fatal", da Max. O trabalho acabou não se concretizando, mas ela acredita que no final tudo aconteceu como deveria:

— Produções são sempre complexas e difíceis de orquestrar, ainda mais quando é uma que não depende só do Brasil. A plataforma Max depende de aprovações do exterior, de pessoas que às vezes não têm noção das produções culturais aqui do Brasil. A Max estava passando por um processo de fusão, eles suspenderam todas as produções da América Latina e da Europa. Foi uma grande dança dos erros. Eles promoveram o concurso porque achavam que era uma fórmula que a Globo tinha e que talvez pudesse dar um tipo de resultado. Iam fazer a primeira novela deles aqui no Brasil, mas isso acabou coincidindo com essa fusão da empresa multinacional e comprometeu a produção aqui no Brasil. Muita gente ficou sem esse trabalho, não só eu. Quando voltaram as produções, eu já estava em outros processos. Nem sei se eu tinha mais tanto interesse, porque foi muito frustrante para mim passar por aquilo tudo e depois vir o cancelamento. Eu entendo toda a dimensão, mas eu acho que depois também perdeu o fogo. A vida te coloca nos lugares que você tem que estar, eu não tinha o que fazer. Para mim, eu não tinha que estar lá. É uma coisa normal também. Depois eu fui descobrir que isso acontece muito. É triste, mas é a realidade de produção aqui no Brasil.

A atriz tem emendado um trabalho no outro. No ano passado, ela rodou o filme "As aventuras de Poliana", gravou a série "Vidas bandidas", do Star+, que deve estrear este ano, e também fez a novela "Guerreiros do Sol", do Globoplay, já toda gravada e prevista para 2025:

— Eu gosto muito de pensar nas escadinhas de aprendizado. Quando eu fui para "Guerreiros do Sol", ainda estava aprendendo. Ainda estou, óbvio, mas em "Guerreiros" eu estava mais crua, tinha pouca vivência de set. É uma história muito maravilhosa, releitura de Lampião e Maria Bonita. Foi a minha a minha grande escola. Estou ansiosíssima para assistir.

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Larissa também é a diretora do longa "Graça", um road movie sobre a descoberta do amor na maturidade que tem como protagonista a avó da atriz, Graça. Ela contracena com seu namorado da vida real, Rodrigo (veja na foto abaixo). A história acompanha uma mulher que sobrevive à violência doméstica e encontra um novo companheiro por meio de um aplicativo de relacionamento:

— É um docudrama, porque tem uma parte documental e uma outra dramática, ficcionalizada. A história do filme é sobre a descoberta do amor na vida dessas duas pessoas. A minha avó sofreu violência doméstica, é a realidade de muitas mulheres brasileiras. Muitas sofrem feminicídio, ainda por cima. A minha avó deu sorte, mas ela esteve muito perto disso. Então, ela buscar o amor nessa idade e ressignificar isso é de uma grandiosidade ímpar.