Entrevistas
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Por Anna Luiza Santiago

Aos 32 anos, o ator Giovanni Venturini foi visto recentemente em "Justiça 2", do Globoplay, como Elias. Com 16 anos de carreira, duas novelas infantis, além de várias peças de teatro, ele diz que a série é um marco em sua trajetória, uma vez que a trama de seu personagem não envolve sua condição física, o nanismo.

— Estou muito feliz com o resultado de "Justiça 2". Foi um trabalho gostoso de ser feito, e o convite foi muito forte para mim e o meu momento. Começar dessa forma dentro da Globo foi muito importante para as pessoas me conhecerem nesse lugar, para me enxergarem fazendo outras coisas. Eu estava muito ligado ao universo infantil. Fazer uma série em que meu personagem não é o bonzinho da história, é o comparsa, e também não falar sobre o nanismo... A série sequer fala sobre isso. Foi importante neste sentido de me dar uma visibilidade pelo meu trabalho como ator e não só um convite pela minha condição física. Acho importante trazer essas temáticas para dentro das novelas, filmes, séries, mas também não devemos ficar pautados somente nisso. As oportunidades já são escassas, e se a gente ficar esperando personagens escritos para pessoas com deficiência...

Giovanni ressalta que sua vida não gira em torno da deficiência e seus personagens também não precisam ser focados neste aspecto.

— Meu corpo já está ali na tela, já está sendo visto, não necessariamente eu preciso falar sobre isso, e os temas não precisam girar em torno disso. A minha vida não gira em torno de eu ser uma pessoa com nanismo, mas, sim, eu sou. Só que eu tenho amigos, trabalho, tenho uma vida, socializo, saio à noite, vou para festas. Eu sou um ser humano como outro qualquer.

O ator acredita que, apesar de o mercado estar mais atento à diversidade, ainda há um longo caminho a percorrer.

— Preconceito sempre teve e tem até hoje. A maioria dos convites de trabalho que chegavam para mim eram nesse lugar que eu não queria mais, estereotipado. Tive que fazer alguns personagens que eu não gostava para poder entrar no mercado e conseguir mudar, de dentro. Mas até hoje eu recebo personagens e convites muito capacitistas. É uma luta, você tem que dizer dez "nãos" para poder surgir um "sim" bom. Por isso, "Justiça 2" foi um marco importante. Não estava escrito para um ator com nanismo. Eu costumo ser otimista. Eu acho, sim, que as pessoas estão mais atentas à diversidade num modo geral. Mas também acho que ainda há um longo caminho a percorrer. Eu fiz uma série, uma das mais assistidas do Globoplay, e não gerou tanta repercussão dentro do mercado. Não recebi um convite por causa de "Justiça 2".

Giovanni poderá ser visto também em "Dias perfeitos", também do Globoplay, que tem previsão de estreia para 2025. A série foi gravada no ano passado.

— Gravar "Dias perfeitos" foi incrível. É uma equipe maravilhosa, um elenco incrível também. Não posso dar muito spoiler, apenas que eu sou o dono da pousada onde boa parte dessa trama pesadíssima, mais uma trama pesada (risos), vai se passar. O meu personagem é um amigo de longa data da Clarice, personagem da Julia Dalavia. Eles vão para a pousada e eu conheço esse novo namorado dela, que é interpretado pelo Jaffar Bambirra, queridíssimo.

Com 406 mil seguidores no Instagram, Giovanni costuma conversar abertamente com o público através das caixinhas de perguntas. Recentemente, uma declaração sobre namorar mulheres altas viralizou nas redes.

— Essa questão foi muito inconveniente, porque foi uma descontextualização a partir de uma fala minha. Eu não falei que eu só namorava pessoas altas. Perguntaram se eu já tinha namorado alguém com nanismo. Eu falei que eu já tinha ficado, sim, com pessoas com nanismo e com outros tipos de deficiência, mas, namoro sério, até então, eu só tinha tido com pessoas mais altas que eu. Eu luto pelos direitos das pessoas com deficiência. Falo sobre sobre todos os tipos de corpos serem desejados. Não faz sentido eu não me relacionar com outros tipos de corpos que não são o padrão da sociedade, sendo que eu não sou um corpo padrão. Eu sou muito aberto a me apaixonar por pessoas, a gostar de pessoas. Independente do físico. Eu me apaixono pela pessoa e não pela condição física dela.

Perguntado se com "pessoas" ele quis dizer homens e mulheres, Giovanni afirma:

— Pessoas. É isso. Pessoas.

O ator namora há três anos a bailarina Lívea Castro:

— Eu gosto do flerte, do jogo da paquera, do jogo da sedução. Eu tenho uma namorada. Namoro há três anos. Hoje eu estou mais tranquilinho, sossegado.

No Instagram, Giovanni também recebe elogios sobre sua beleza. Ele conta que na adolescência teve problemas para se aceitar. Mas, atualmente, isso já foi superado:

— Eu me acho um cara bonito, sim. Eu tive muita dificuldade, principalmente na adolescência, por conta dessa coisa da padronização do corpo. Eu tinha mais questão com meu corpo e com meu físico na adolescência por não ser um corpo normativo, por eu ser um corpo dissidente. Mas acho que com a maturidade, eu passei a me aceitar muito melhor, a achar meu corpo bonito, a falar sobre ele, a mostrar ele de uma forma muito sincera. Eu sou vaidoso, mas não sou aquele cara que se preocupa em todo dia ter que ir para a academia, cuidar do corpo. Eu gosto de cuidar da minha pele, gosto da minha barba bem cuidada, gosto de mudar o visual. Hoje tenho uma aceitação muito melhor com meu corpo e (a aceitação) veio através da arte. Tenho dois monólogos em que eu falo sobre a questão do nanismo. Em um deles eu falo sobre a sexualidade e sobre ser um corpo que seja atraente, não apenas um atrativo para a sociedade. Eu trabalhei muito isso na terapia e na minha arte falando sobre isso abertamente, trazendo essas pautas para discussão em cima do palco, na tela, na TV, de uma forma a me posicionar e me aceitar melhor.

Giovanni Venturini e a namorada, Lívea Castro — Foto: Reprodução/Instagram
Giovanni Venturini e a namorada, Lívea Castro — Foto: Reprodução/Instagram
Murilo Benício, Julia Lemmertz, Giovanni Venturini, Alice Wegmann e Rita Assemany com a autora de "Justiça 2", Manuela Dias — Foto: Reprodução/Instagram
Murilo Benício, Julia Lemmertz, Giovanni Venturini, Alice Wegmann e Rita Assemany com a autora de "Justiça 2", Manuela Dias — Foto: Reprodução/Instagram
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