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Por Anna Luiza Santiago

Longe das novelas desde "Verdades Secretas" (2015), Natallia Rodrigues tem se dedicado ao teatro nos últimos tempos. A atriz está rodando o país com o espetáculo "O Homem Mais Inteligente da História", baseado no best-seller homônimo do psicanalista Augusto Cury. Ela vive a neurocientista Sofia, que, após passar por experiências traumáticas, como abuso, participa de movimentos pelo fim da violência contra as mulheres.

— A peça fala sobre gestão da emoção, autocontrole, criatividade, busca da felicidade e do amor, depressão e violência contra as mulheres. A minha personagem, através da luta dela, por ela passar por essa violência contra as mulheres, se torna uma grande palestrante no movimento. Falar desses assuntos é de uma importância brutal. A gente ainda tem um pouco de tabu para falar de saúde mental. É um assunto que afeta, acredito eu, uma grande parte da sociedade, principalmente pós-pandemia. Já sobre violência contra a mulher, isso tem que ser falado a todo momento. É um movimento extremamente essencial, principalmente para nós mulheres e para a sociedade. A gente já teve conquistas importantes nessa trajetória (de luta contra a violência), mas eu acho que ainda falta bastante para a gente conseguir alterar a estrutura básica, educacional, que sustenta essa sociedade patriarcal.

Natallia ressalta a importância do movimento feminista para que a sociedade se torne mais igualitária.

— Eu sou feminista desde que eu nasci. Minha mãe me ensinou a ser feminista. Ela sempre foi uma mulher muito potente, sempre teve uma voz muito ativa. Mesmo sem falar: 'eu sou feminista', ela era. E ela passou isso para mim. Antigamente não se falava muito em Lei Maria da Penha, não se falava de abusos psicológicos, físicos e violência doméstica sem medo. Normalmente, a mulher sempre é julgada quando atos assim ocorrem na vida dela. Por receio, por muito tempo, as mulheres se calavam. Depois que o movimento se tornou mais potente, as vozes estão mais ativas. A nossa trajetória ainda é longa, ainda tem muita luta. Acredito que as novas gerações vão vir mais conscientes, mas ainda tem muito para ser trabalhado para que esse patriarcado se desfaça.

Ela, que começou a carreira como modelo, conta que a beleza nunca foi uma prioridade na sua vida, apesar de saber que é bonita:

— Eu comecei a carreira com 10 anos, estou com 42. São muitos anos. Comecei como modelo, vendi muita beleza, mas eu acho que cabe a cada um... Eu tenho noção que eu tenho uma beleza, mas eu nunca me apeguei a isso. Estudo muito, tenho três faculdades: fiz publicidade, psicologia e artes cênicas. Continuo estudando, justamente para que o olhar do outro não seja só: "ela é uma mulher bonita". Isso para mim é muito pequeno perto do que eu estudo, do que eu trabalho como espírito, como ser humano, como artista, como pessoa. Eu não sou apegada a isso, nunca permiti que me colocassem nessa caixinha.

Neste mesmo sentido, frisa que nunca se sentiu obrigada a seguir os padrões impostos pela sociedade, como casamento e maternidade.

— Eu sempre fui muito instigada a sair de padrões. Não aceito estar em um padrão. Hoje, na minha idade, a sociedade impõe que eu tenho que ser mãe. Não, eu não quero ser mãe. Eu não permito que os outros me julguem ou ditem algo que eu tenho que ser ou fazer. Eu não fui mãe e não vou ser. Seria de um egoísmo brutal da minha parte colocar uma criança no mundo sem ter a vontade de criá-la, sem ter vontade de ser mãe. Hoje em dia a gente tem liberdade de escolha. Isso não pode ser uma questão, não me torna inválida como profissional, como mulher. E se eu quiser um dia ser mãe, eu vou adotar. Não vou pensar duas vezes. Isso é uma questão que ainda não me deu vontade. Não permito que me invalidem por não querer ser mãe. Eu sou casada há seis anos. Meu marido tem duas filhas, e para mim está tudo certo. Para ele também — diz ela, que é casada com o cineasta Johnny Araujo.

Em 2012, a atriz posou nua. Ela conta que não se arrepende do trabalho, mas afirma que hoje em dia não faria de novo. Ressalta, no entanto, que não tem nada contra quem escolhe trabalhar com o corpo, e que as mulheres são livres para fazer suas próprias escolhas.

— Esse trabalho foi muito importante na minha vida em determinado momento, me trouxe uma estabilidade financeira gigante. Hoje em dia não cabe mais a objetificação do corpo feminino, tanto é que a revista não existe mais. Então, hoje em dia eu não faria, justamente por não caber mais na sociedade, justamente pela luta da não objetificação do corpo feminino. A mulher é potente, é dona de si, livre para fazer as suas próprias escolhas. Se a escolha de uma mulher for trabalhar com o corpo: bravo, que coragem, que lindo, que liberdade! Não tenho nenhum pensamento negativo perante a isso. É sobre mim, não é sobre os outros. Não é uma crítica. O meu olhar feminino para mim, o acolhimento que eu tenho para comigo, não me permite mais esse lugar da objetificação do meu corpo.

Ela ressalta que conseguiu dar um bom destino ao dinheiro que ganhou com o ensaio para a revista.

— Esse dinheiro me trouxe uma grande estabilidade, casa própria, me trouxe investimentos. Graças a Deus tenho uma família que é muito consciente. Minha mãe na época me ajudou a destinar esse dinheiro para coisas que deixaram a minha vida futura tranquila. Sim, foi um trabalho que me trouxe uma estabilidade de vida. E que bom! Graças a Deus eu tive essa oportunidade. Não me arrependo, mas hoje em dia não cabe mais na sociedade. Quando cabia, eu fiz e foi importante para mim. Hoje não faria.

Imersa atualmente no teatro, conta que sente falta de fazer novelas:

— Eu amo fazer novela, é um prazer imenso para mim. É completamente diferente do teatro, mas de um tempo para cá, o universo me levou para o teatro e eu emendei um espetáculo no outro. Espero voltar a fazer novela, mas desde "Verdades secretas" eu fui emendando e não teve como eu fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Eu venho do teatro. O teatro é a minha vida, a minha base, é a coisa mais importante para mim, mas sinto muita falta das novelas e espero em breve poder retornar.

Natallia Rodrigues na peça 'O homem mais inteligente da história' — Foto: Thiago Mancini
Natallia Rodrigues na peça 'O homem mais inteligente da história' — Foto: Thiago Mancini
Natallia Rodrigues e colegas de elenco na peça 'O homem mais inteligente da história' — Foto: Thiago Mancini
Natallia Rodrigues e colegas de elenco na peça 'O homem mais inteligente da história' — Foto: Thiago Mancini
Natallia Rodrigues e o marido, o cineasta Johnny Araujo — Foto: Reprodução / Instagram
Natallia Rodrigues e o marido, o cineasta Johnny Araujo — Foto: Reprodução / Instagram
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