O conflito Israel x Hamas, iniciado após o ataque sem precedentes do grupo palestino contra o território israelense, entrou na segunda semana em meio à expectativa de uma ofensiva terrestre por parte de Israel em Gaza, que poderia causar uma guerra de grande porte e com possíveis efeitos que vão além do território hoje conflagrado. Neste contexto, o papel dos países árabes da região está, além da violência e da crise humanitária, no centro das discussões.
Ao norte, no Líbano, as atenções estão voltadas para o Hezbollah, uma organização política e paramilitar libanesa xiita, apoiada pelo Irã e que vem travando um conflito de baixa intensidade com Israel há algumas décadas — o maior temor é de que ataques pontuais, e teoricamente controlados, possam sair de controle, e levar a uma ação contundente de Israel, como aconteceu em 2006, quando uma guerra causou estragos ainda sensíveis à infraestrutura libanesa.
Além do braço armado, o Hezbollah opera uma grande rede de serviços sociais que fortalece sua base de apoio enquanto o país enfrenta a pior crise econômica das últimas décadas, e chegou a integrar alguns dos recentes Gabinetes do governo libanês.
Há ainda atenções voltadas para o Egito, país árabe que mantém relações diplomáticas e econômicas com Israel, e é essencial nas negociações para retirada de estrangeiros da Faixa de Gaza. Em recente posicionamento, o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, disse ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que a reação de Israel ao ataque terrorista do Hamas "foi além da autodefesa” e virou “punição coletiva”, segundo a mídia estatal egípcia.
O Egito passa por uma forte pressão internacional para que abra passagem de fronteira e garanta rota de fuga para os desabrigados por conta dos conflitos em Gaza, porém, teme uma crise de refugiados e ameaças à segurança nacional. Além disso, o país não deve permitir que refugiados palestinos se assentem na Península do Sinai.
Outro ator importante, a Arábia Saudita, suspendeu as negociações para a normalização de relações com Israel, que eram incentivadas pelos Estados Unidos. No passado, o país foi acusado de negligenciar a causa palestina, apesar do grande apelo entre sua população, em detrimento de questões econômicas e políticas. A suspensão das conversas se deu em meio a um processo de aproximação com o Irã, país que é considerado o maior inimigo de Israel no Oriente Médio e que mantém relações mais do que espinhosas com os EUA desde a Revolução Islâmica de 1979.
Neste episódio do Ao Ponto, o colunista do GLOBO, Guga Chacra, fala sobre o papel de alguns dos principais países árabes no conflito em Gaza, e como as decisões tomadas neste momento podem influenciar no futuro do Oriente Médio, em termos políticos, econômicos e de segurança regional.
Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade. O episódio também pode ser ouvido na página de Podcasts do GLOBO. Você pode seguir a gente em plataformas como Spotify, iTunes, Deezer e na Globoplay.