Política

Após ordem de Moraes, PF prende Roberto Jefferson por ataques às instituições democráticas

Pedido de preventiva foi feito pela Polícia Federal no inquérito sobre organização criminosa digital contra a democracia
O ex-deputado Roberto Jefferson Foto: Jorge William / Agência O Globo
O ex-deputado Roberto Jefferson Foto: Jorge William / Agência O Globo

BRASÍLIA e RIO— O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva do ex-deputado e presidente nacional do PTB Roberto Jefferson, aliado do presidente Jair Bolsonaro, e o cumprimento de busca e apreensão contra ele por suposta participação em uma organização criminosa digital montada para ataques à democracia . A PF cumpriu a prisão por volta das 9h desta sexta-feira, em sua residência no município de Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro.

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O pedido de prisão partiu da Polícia Federal, que detectou a atuação de Jefferson em uma espécie de milícia digital que tem feito ataques aos ministros do Supremo e às instituições. A PF listou diversos vídeos e publicações dele em redes sociais com esses ataques, que fundamentaram o pedido de prisão. A investigação faz parte do novo inquérito aberto por ordem de Moraes após o arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos, para apurar uma organização criminosa digital.

Na decisão, Moraes ainda determinou o bloqueio das contas de Roberto Jefferson nas redes sociais, que eram usadas para os ataques.

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A PF cumpriu os mandados no início da manhã desta sexta-feira, mas não localizou Roberto Jefferson no endereço que constava na investigação inicialmente. Em seu Twitter, o ex-deputado afirmou que a PF estava na casa de sua ex-mulher. “Vamos ver de onde parte essa canalhice”, afirmou na rede social.

Por volta das 9h, os agentes da polícia o prenderam em sua casa em Comendador Levy Gasparian, a 142km da capital do estado. O ex-deputado foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), no centro do Rio, e depois seguiu para a sede da PF. O advogado do presidente do PTB, Luiz Gustavo Pereira, afirmou que a defesa irá se manifestar por meio de nota, após se inteirar dos fatos.

Ao GLOBO, a filha de Jefferson e ex-deputada federal, Cristiane Brasil (PTB-RJ), afirmou que a família é vítima de "perseguição" e criticou a operação realizada na casa de sua mãe.

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— Mais uma vez a PF tirou minha mãe da cama, às 6h da manhã, que tem 70 anos, dificuldade de locomoção, batendo na casa errada! Ela e meu pai já estão separados há 20 anos! Somos perseguidos políticos. E meu pai, pelo que sei, não está bem de saúde. Daqui a pouco o Alexandre vai mandar prender os filhos também? — disse Cristiane que já foi presa por supostos desvios em contratos de assistência social no município no Rio.

Ataques à democracia

O ex-deputado, que já foi preso anteriormente por sua condenação no mensalão, hoje é aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e tem veiculado com frequência vídeos com ataques aos ministros do Supremo.

Em um desses vídeos mais recentes, Jefferson ameaça a não realização de eleições no próximo ano caso não seja aprovado o voto impresso, que foi derrotado na Câmara dos Deputados.

— Se não houver voto impresso e contagem pública de votos, não haverá eleição ano que vem — disse.

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O inquérito sobre organização criminosa digital contra a democracia apura a articulação entre grupos bolsonaristas nas redes sociais com o objetivo de fazer ataques contra a credibilidade das instituições e até mesmo ameaças às instituições democráticas.

Essa articulação foi detectada pela PF dentro do inquérito dos atos antidemocráticos. Após a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter pedido arquivamento desse inquérito, Moraes acolheu o arquivamento mas determinou a abertura de uma nova apuração, apontando a existência de indícios da participação de políticos com foro privilegiado nessa organização criminosa.