Política Coronavírus

Após pregar 'união', Bolsonaro compartilha vídeo com críticas a governadores

Presidente divulgou mensagem que pede 'paralisação responsável' contra novo coronavírus
O presidente Jair Bolsonaro grava pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão Foto: Isac Nóbrega/Presidência
O presidente Jair Bolsonaro grava pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão Foto: Isac Nóbrega/Presidência

BRASÍLIA — Um dia após pregar "união" e "cooperação", o presidente Jair Bolsonaro compartilhou nesta quarta-feira um vídeo com críticas a governadores. No vídeo, um homem que diz estar na Central de Abastecimento (Ceasa) de Belo Horizonte critica o desabastecimento causado por medidas de contenção ao novo coronavírus , afirma que a culpa é dos governadores e elogia Bolsonaro.

— Para você que falou, depois do discurso do presidente, que economia não tem importância...Pois é, fome também mata. Fome, desespero, caos, também matam. Não esquece disso, não — afirma o homem, que não se identifica.

Ele diz que a culpa é dos governadores, porque Bolsonaro estaria defendendo uma "paralisação responsável".

— A culpa disso aqui é dia governadores, porque o presidente da República está brigando incessantemente para que haja uma paralisação responsável.

O homem afirma ainda que governadores tentam "ganhar nome e projeção política".

— Isso se chama responsabilidade. Tem que ponderar, administrar a crise. É isso que o presidente tem tentado fazer, (ao contrário) de governadores tentando ganhar nome e projeção política, à custa do sofrimento da população.

Ao publicar o vídeo, Bolsonaro escreveu que não se trata de um"desentendimento entre o Presidente e ALGUNS governadores e ALGUNS prefeitos", mas sim de "fatos e realidades que devem ser mostradas" porque "depois da destruição não interessa mostrar culpados".

No pronunciamento na TV na noite de terça-feira Bolsonaro não defendeu o fim do isolamento social e a retomada das atividades econômicas, como vinha fazendo nós últimos dias.

Além disso, o presidente também defendeu "um grande pacto" com rodas as autoridades, inclusive governadores:

— Agradeço e reafirmo a importância da colaboração e a necessária união de todos num grande pacto pela preservação da vida e dos empregos: parlamento, judiciário, governadores, prefeitos e sociedade.

Após a publicação do vídeo, a rádio CBN esteve no Ceasa na manhã desta quarta e constatou que a central está com abastecimento normal. A direção do local disse que não há risco de desabastecimento, e alguns comerciantes relataram melhora nas vendas no últimos dias.

Em trecho suprimido pelo presidente, homem aparece chamando governadores de "canalhas"

Bolsonaro compartilhou uma versão editada no vídeo. Na versão original, que circula em redes sociais desde terça-feira, o homem chama os governadores de “canalhas” e “corja”. A versão original foi publicada pelo site “Poder 360”.

— E essa corja de governadores canalhas tão aí, cada um por si, igual a uma manada de burros, dando tiro para todo lado, querendo ganhar nome e projeção política.

'Problema continua' e nova citação à OMS

Também na manhã desta quarta, Bolsonaro afirmou que o "problema continua", em referência ao combate ao novo coronavírus. A declaração foi feita no Palácio da Alvorada, em resposta a uma apoiadora que o elogiou pelo pronunciamento.

— Mas o problema continua — disse Bolsonaro, ao chegar para cumprir os apoiadores.

Depois, o presidente ainda voltou a fazer referência ao diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus. No pronunciamento, Bolsonaro leu uma declaração em que Tedros defende que "cada país, baseado em sua situação, deveria responder a essa questão". Nesta quarta, afirmou que isso significa que o Brasil não precisa tomar as mesmas medidas que os países ricos:

— O diretor-geral da OMS falou que cada país tem as suas peculiaridades. Então tem país que é rico, tem um tratamento. Quem não é, como o nosso, tem outro tratamento.