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Política Eleições 2022

Com ingresso de Bolsonaro, Flávio assumirá decisões sobre filiações e candidaturas no PL do Rio

Senador dividirá comando do partido, na prática, com presidente estadual da sigla, Altineu Côrtes, e planeja ampliar bancadas através da entrada de bolsonaristas
Flávio Bolsonaro no evento de filiação ao PL, em Brasília: senador passa a dar as cartas no partido no Rio Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo
Flávio Bolsonaro no evento de filiação ao PL, em Brasília: senador passa a dar as cartas no partido no Rio Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo

RIO - O embarque do presidente Jair Bolsonaro no PL chega com a previsão de um aumento expressivo das bancadas federal e estadual da legenda no Rio de Janeiro. A mudança na configuração do partido no estado também passa, na prática, por mudanças no comando do diretório regional. O atual presidente e deputado federal, Altineu Côrtes, permanece na presidência da legenda. Mas, vai dividir as decisões mais importantes com o senador Flávio Bolsonaro. Todas as filiações e apoios a candidaturas no Rio também terão de ser aprovadas pelo filho mais velho de Bolsonaro.

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O PL já trabalha, após a janela partidária, com a previsão de dobrar o número de deputados federais na bancada fluminense, dos atuais cinco para dez, em abril. No Senado, com a chegada de Flávio, as três vagas do Rio passam para o controle do PL — as outras estão com Carlos Portinho e Romário —, enquanto na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), a legenda deve aumentar de uma para cinco cadeiras.

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O crescimento do PL, de acordo com Altineu, se dará principalmente com a chegada de bolsonaristas que deixarão o PSL em função da fusão com o DEM e a formação do União Brasil, como Hélio Lopes, o Hélio Negão, deputado federal, e Rodrigo Amorim, deputado estadual, ambos pelo Rio. Há ainda previsão de aliados de Bolsonaro que estão hoje em outras siglas concorrerem às eleições do ano que vem pelo PL.

— Com Bolsonaro no PL temos uma projeção de eleger uma bancada federal forte, podendo chegar até 15 deputados. O mesmo ocorrerá na Alerj. Nossa expectativa é de chegarmos a seis na Casa — calcula Altineu, um dos articuladores de filiações de prefeitos e vereadores ao partido ao longo deste ano no estado.

Baixas nos estados

O crescimento da bancada fluminense colocou o Rio na contramão de outros estados, em que o embarque do presidente tem a previsão de provocar baixas. Disputas regionais com bolsonaristas e a defesa de pautas ideológicas e de costumes pela família Bolsonaro provocaram reações em diretórios de Ceará, Piauí, Alagoas, Pará, Amazonas e São Paulo. Entre os desembarques mais sentidos pela sigla está o do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), apontado como um dos principais quadros da Casa.

— A saída de Marcelo Ramos será sentida. Pesaram muito as disputas regionais, mas encaramos como casos pontuais. No Rio isso não deve acontecer. Ao longo do ano filiamos nomes que já eram aliados ou estavam alinhados com o Palácio do Planalto, como o governador Cláudio Castro e o senador Romário, o mesmo acontecendo com prefeitos — afirma Carlos Portinho, que dividiu a tarefa de filiações com Altineu.

De acordo com Portinho, ainda podem ocorrer mais baixas no PL pelo país embora, em sua avaliação, as questões políticas passam a ser mais levadas em conta do que as ideológicas e de costumes. Para o senador, o PL é hoje um partido que oferece uma das melhores estruturas de campanha aos candidatos. Entre os estados com a possibilidade de novos desembarques está São Paulo, em que filiados participam da administração do tucano João Doria e deverão permanecer no apoio ao grupo do governador paulista. Além de Marcelo Ramos, deputados como Cristiano Vale (PA), Fábio Abreu (PI), Júnior Mano (CE) e Sérgio Toledo (AL) são nomes que devem deixar a legenda.

Busca de apoio para Cláudio Castro

Altineu e Portinho articularam uma série de filiações no estado do Rio no decorrer deste ano, em especial de prefeitos e vereadores, para reforçar a base política do governador Cláudio Castro (PL) durante a campanha à reeleição em 2022.

Atualmente, o PL soma 21 prefeituras, e a porta de entrada de Castro nos municípios, principalmente na Baixada Fluminense e regiões do interior, passa pelas mãos dos prefeitos. Segundo a dupla, com o total somado aos aliados de Castro filiados a outros partidos, o governador tem hoje o apoio público de pelo menos 46 prefeituras, o que corresponde à metade dos municípios. O total, diz Altineu, ainda não está fechado e tende a aumentar até o início do ano que vem.

Nem todos os prefeitos e vereadores que embarcaram no PL ou apoiam Castro estão alinhados com o bolsonarismo. No entanto, conta uma liderança política que participa do governo, os descontentes não devem fazer oposição nem “abandonar o barco”, por terem cargos no governo estadual.