Política

Crivella defende Bolsonaro e diz que presidente não manifestou desprezo pela vida

Prefeito do Rio ressaltou que voltar à normalidade é difícil
O prefeito Marcelo Crivella no terminal de cargas do Galeão, onde recebeu equipamentos médicos Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
O prefeito Marcelo Crivella no terminal de cargas do Galeão, onde recebeu equipamentos médicos Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

RIO — O prefeito Marcelo Crivella disse nessa quarta-feira que o presidente Jair Bolsonaro foi mal interpretado ao dar declarações sobre o fato de que o Brasil passou de 5 mil óbitos por Covid-19. Na terça-feira, ao responder sobre o tema em Brasília, Bolsonaro respondeu: ‘’E daí. Lamento. Quer que eu faça o quê. Eu sou Messias (referência ao sobrenome. Mas não faço milagres’’. Crivella alegou que o presidente tem um coração generoso e só quer que a normalidade seja restabelecida no país. Ele diz que o presidente tenta plantar a esperança no coração do povo, e que a declaração não pode ser interpretada como desprezo pela vida.

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— Conheço o presidente Jair Bolsonaro. Nós somos amigos de longa data. Ambos servimos o Exército. Servi na brigada paraquedista, fui oficial  há uns qurarenta anos ainda menino, mais ou menos na mesma época que ele. Não sei se tem brasileiro com o coração tão generoso quanto aquele guerreiro. Garanto a você que o que acontece é que às vezes o presidente é mal interpretado. Ele faz um esforço enorme para tocar esse país com as controvérsias todas, com aqueles escândalos de corrupção que tivemos no passado. O presidente manifestou o desejo que todo brasileiro tem de a gente voltar logo. Pode ter certeza que jamais, é uma coisa remota, que ele tenha manifestado desprezo pela vida das pessoas. Ele tomou uma facada na barriga para o povo brasileiro não tomar una facada nas costas.

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Na noite terça-feira, ao ser perguntado sobre o Brasil ter ultrapassado a China no número de mortes por coronavírus, o presidente respondeu:

— E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre — complementou, se referindo a um dos seus sobrenomes.

Hoje, Bolsonaro responsabilizou os governadores pelo número de mortes da pandemia. Bolsonaro argumentou que, como decidiu o Supremo Tribunal Federal (STF), governadores e prefeitos têm autonomia para decidirem sobre medidas restritivas no combate ao coronavírus e, por isso, eles precisam explicar por que as mortes continuaram mesmo após essas medidas serem tomadas.

Em coletiva para a imprensa, o prefeito do Rio disse ainda que voltar à normalidade é dífícil:

— É um desejo enorme de todo povo brasileiro que quer voltar a trabalhar. Nós temos que trabalhar. Agora, com as curvas crescendo na internação no CTI e no óbito... Os prefeitos que estão na ponta sofrem pressões de todos os setores que, quando não conseguem nos covencer, vão à Justiça. Às vezes, a Justiça abre, às vezes não.

Crivella  acrescentou que, com a chegada de respiradores que comprou na China no fim do ano passado e que chegará em voos na próxima semana e no fim de maio para equipar a rede de saúde, será possível restabeelcer a normalidade na cidade. As declarações foram dadas no terminal de Cargas do Aeroporto Tom Jobim, onde o prefeito recebeu aparelhos de raio X e outros insumos também comprados na China.

—  Aqui  no Rio de Janeiro nós vamos ter nossa Arca de Noé com mil leitos de UTI e uma quantidade enorme de leitos. Teremos leitos sobrando para enfrentar o dilúvio. Vamos poder voltar, por exemplo, com as academias de ginástica. E a nossa população vai estar educada para usar máscaras. Precisamos também reabrir os consultórios de dentista —  exemplificou o prefeito.

O Republicanos, partido de Crivella, forma a base do governo federal. O vereador Carlos Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro se filiaram ao partido  e vão apoiar o prefeito em sua tentativa de reeleição.

Em São Paulo, o governador João Doria  pediu a Bolsonaro respeito aos mortos na pandemia do novo coronavírus e cobrou dele que saia do gabinete e visite as cidades mais atingidas pela Covid-19.

— Saia da redoma de Brasília. Se não quiser visitar São Paulo vá a Manaus, presidente. Vai ajudar o governador e o prefeito de lá, no mínimo, estando presente para ver a realidade do seu país e não a sua realidade do estande de tiro onde foi ontem celebrar enquanto choramos mortes de brasileiros. Saia da bolha, da fábula e do mundinho do ódio. Percorra hospitais e seja solidário com a realidade do seu país — criticou Doria.