Política Flávio Bolsonaro

Desembargadora revoga suspensão sobre investigação de sócio de Flávio Bolsonaro

Alexandre Santini foi alvo de busca e apreensão por suspeira de envolvimento em esquema de rachadinha na Alerj
O senador Flavio Bolsonaro Foto: Daniel Marenco em 11/09/2019 / Agência O Globo
O senador Flavio Bolsonaro Foto: Daniel Marenco em 11/09/2019 / Agência O Globo

RIO —  A desembargadora Suimei Cavalieri, da Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), revogou no último dia 27 a liminar que suspendia as investigações sobre o empresário Alexandre Ferreira Dias Santini, sócio do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na empresa Bolsotini Chocolates e Café. Santini foi alvo de busca e apreensão solicitada pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) em 18 de dezembro, junto com outros 26 alvos suspeitos de envolvimento em um esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

"Assim, acolho o pedido de reconsideração para revogar a liminar concedida pelo Exmo. Desembargador Antônio Carlos do Nascimento Amado no tocante à suspensão da investigação e das medidas cautelares em relação ao Paciente, mantendo-a no ponto em que permite à defesa do Paciente acesso a todos os elementos de prova já documentados na investigação", escreveu a desembargadora em decisão proferida no dia 27 de março.

Em janeiro, o desembargador Antonio Amado concedeu  liminar proferida para a defesa de Santini após seus advogados terem argumentado que ele não constava como investigado no procedimento investigatório criminal e, por isso, não poderia ter sido incluído nos pedidos de busca e apreensão. O empresário teve aparelhos eletrônicos e documentos apreendidos — a decisão determinava que o Ministério Público não analisasse o material apreendido na residência dele.

A paralisação feita era apenas em relação à pessoa física de Santini. Na ocasião, o desembargador não concordou com a tese de que Santini não era investigado, mas entendeu que a defesa estava com dificuldades para ser exercida por falta de acesso aos autos. Por isso, concedeu a liminar. Procurada, a advogada Marta Leão, que atua na defesa de Santini, disse que não iria comentar a revogação da liminar.

O Ministério Público investiga se a empresa foi usada por Flávio Bolsonaro para lavar dinheiro desviado do seu gabinete na Alerj. Como as investigações sobre Santini estavam suspensas, se o MP resolvesse oferecer denúncia contra Flávio e Fabrício Queiroz, por exemplo, teria que excluir Santini e parte do suposto esquema de lavagem de dinheiro. Na semana passada, a desembargadora Suimei Cavalieri também liberou a investigação sobre Flávio Bolsonaro que tinha sido paralisada dias antes. Com isso, não há nenhuma decisão em vigor que suspenda o caso ou algum dos investigados.

O Ministério Público do Rio detectou durante as investigações que funcionários do gabinete de Flávio na Alerj repassaram cerca de R$ 2 milhões para o assessor Fabrício Queiroz, que também realizou grande quantidade de saques em dinheiro vivo e transações com dinheiro em espécie. A suspeita dos investigadores é que os funcionários eram obrigados a devolver parte dos salários ao então deputado Flávio Bolsonaro.