O ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (União Brasil) declarou apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em encontro promovido pelo petista na manhã desta segunda-feira com outros ex-candidatos ao Palácio do Planalto.
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Estavam presentes também, além do candidato a vice de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), Marina Silva (Rede), Cristovam Buarque (Cidadania), Luciana Genro (PSOL), Guilherme Boulos (PSOL), João Vicente Goulart (PCdoB) e Fernando Haddad (PT). Todos esses já haviam manifestado anteriormente apoio ao petista na eleição deste ano.
— Essa fotografia simboliza a reconstrução do Brasil — disse Lula, durante o encontro.
De acordo com integrantes da coordenação de campanha, o objetivo do ato foi sinalizar aos eleitores indecisos e mostrar que estão com Lula desde políticos de esquerda, como Luciana Genro e Boulos, até liberais como Meirelles. A campanha tem evitado falar em voto útil para não melindrar possíveis aliados em um eventual segundo turno como a candidata do MDB, Simone Tebet.
Meirelles foi convidado para o ato desta segunda-feira por Alckmin. O apoio do ex-presidente do Banco Central tem caráter exclusivamente político e não deve incluir, pelo menos em um primeiro momento, a sua participação em discussões do programa econômico do candidato do PT.
Quando foi ministro da Fazenda de Michel Temer (MDB), após o impeachment de Dilma Rousseff, Meirelles implantou o teto de gastos. A medida, que visa conter a expansão a expansão das despesas do governo, é criticada por Lula e pelo PT. Caso o petista seja eleito, a ideia é levar ao Congresso uma PEC para acabar com o mecanismo.
Para justificar a sua adesão à candidatura de Lula, Meirelles citou resultados econômicos obtidos no período em que participou do governo do petista.
— Quero me ater a fatos específicos e que mostram a comparação brutal. Quando trabalhamos juntos no governo, trabalhamos oito anos. Neste período, mais de dez milhões de empregos foram criados, isso é um fato, não é questionável. Cerca de 40 milhões de brasileiros saíram da pobreza. Isso mudou a vida do País.
Meirelles ainda criticou o "descontrole inflacionário" atual, que "corrói os salários, o Auxílio (Brasil)". O ex-presidente do Banco Central lembrou que no governo Lula o Brasil pagou a sua dívida com o FMI, tinha quase U$ 300 bilhões de reservas internacionais e teve "a menor e mais curta recessão durante a crise" mundial de 2008.
— Tivemos um crescimento médio de 4% durante esse período. Vamos comparar com o crescimento agora. Está havendo uma injeção eleitoreira de dinheiro, de recursos, que vai criar um problema grande para ser resolvido à frente. É possível resolver, mas é uma coisa que vai dar trabalho — afirmou Meirelles, que ainda acrescentou:
— Isso é, na minha opinião o que interessa: é emprego, é renda, é padrão de vida à população. E mostrar quem faz, quem realiza. Essa história de só falatório pode impressionar muita gente, mas eu acredito em fatos. Eu olho e vejo resultados do seu governo e isso nos faz estar aqui.
Depois de deixar o Ministério da Fazenda em abril de 2018, Meirelles concorreu à Presidência da República pelo PMDB, mas obteve só 1% dos votos válidos e recusou apoiar Jair Bolsonaro (então no PSL) ou Fernando Haddad (PT) no segundo turno.
Recentemente, foi secretário da Fazenda e coordenador econômico da pré-campanha do antipetista João Doria (PSDB), ex-governador paulista que desistiu de se candidatar para presidente. Desde as últimas semanas, Meirelles já vinha acenando que poderia apoiar Lula no pleito deste ano.
DILMA AUSENTE
O encontro entre os presidenciáveis não teve a presença da ex-presidente Dilma Rousseff, que concorreu duas vezes ao Palácio do Planalto.O ex-ministro Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo de Lula e que junto com Alckmin articulou a reunião, disse que não faria muito sentido a presença de Dilma porque o objetivo era juntar os candidatos que enfrentaram Lula e Dilma "jamais disputaria com Lula".
De acordo com a sua justificativa, Haddad estava presente porque em 2018 substituiu Lula como candidato depois que o ex-presidente foi barrado pela Lei da Ficha Limpa. Boulos, Marina, Meirelles e João Vicente Goulart concorreram contra Haddad.
— O objetivo dessa mesa aqui é mostrar os diferentes para derrotar o antagônico. Então, o Haddad está aqui porque foi o representante do Lula para fazer aquela disputa — disse o ex-ministro.
No último fim de semana, Dilma participou de comícios ao lado de Lula em Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis.
Mercadante levantou a possibilidade de que outras adesões ao petista ocorram.
— A porta continua aberta para todos que quiserem vir.
O senador Randolfe Rodrigues (AP), que representa a Rede na coordenação da campanha, também disse que vai buscar novos nomes.
— Essa fotografia está incompleta, ainda tem pessoas que vamos procurar. Essa foto é ampla e sintetiza o momento.