Os economistas Edmar Bacha e Pedro Malan se uniram a Persio Arida, Arminio Fraga e André Lara Resende e declararam voto em Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições. Em nota, os quatro afirmaram que votarão no candidato e que "nossa expectativa é de condução responsável da economia".
Malan foi ministro da Fazenda durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e presidente do Banco Central durante o governo de Itamar Franco. Arida presidiu o Banco Central no início do governo FH. Os dois, ao lado de Bacha, estão entre os criadores do Plano Real.
_ Já tinha declarado que não votaria em Bolsonaro. Será uma campanha muito acirrada, e o objetivo da nota conjunta foi dar força para Lula e tirar força do Bolsonaro, diante da ameaça às instituições democráticas que ele representa _ afirmou Edmar Bacha, que já vinha fazendo críticas ao governo Bolsonaro, em razão dos ataques às instituições.
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Sobre a gestão do atual governo na economia, Bacha afirma que foi uma "decepção total" e espera que o PT, se vencer as eleições, seja responsável na condução da política econômica. Ele diz que não foi procurado pela equipe do Lula, mas que está aberto a conversar, principalmente sobre integração comercial:
- Estamos declarando voto, esperando o melhor, sem mais por enquanto.
Dos quatro, Arminio foi o primeiro a declarar voto em Lula. Ele diz que a nota conjunta reforça “a nossa visão da importância dos grandes temas da democracia” e que não é "um endosso à política econômica do PT":
_ Na verdade, até agora, o debate está muito pobre, praticamente há quase nada. Não tenho como endossar algo que não conheço, é muito mais uma esperança.
A opção pelo voto no PT veio depois de domingo, diz Arminio, que configurou um risco maior para democracia.
_ O risco aumentou na medida que o atual presidente deve seguir na mesma linha e vai ter mais poder se for eleito. Não quero minimizar a questão econômica, mas estamos falando de um fato mais profundo. Em cima disso (da democracia) se constrói uma estratégia de desenvolvimento econômico.
Ele diz que a política econômica do PT até Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda de Lula, foi bem, mas se deteriorou e “deu no que deu”.
A discussão sobre a questão fiscal tem que “acontecer com mais transparência”:
_Mas acho pouco provável que venha à tona durante a campanha. É um tema polêmico no mundo inteiro, imagina no país do orçamento secreto.
O cenário econômico atual é preocupante, diz o economista, e “cabe sim discutir e sinalizar” sobre a questão fiscal, “estamos brincando com fogo”.
_Acho que o Brasil chegou num ponto com benefícios ampliando, sem discutir os custos. Na área fiscal, há subsídios que não fazem o menor sentido, seja ponto distributivo, seja pela produtividade.
Em entrevista do GLOBO, publicada na terça-feira, ele dissera que via "ameaça e maiores riscos com a concentração de poder nas mãos do atual presidente".
Segundo ele, é melhor eleger Lula para proteger a democracia e afastar danos não só à economia, mas também a áreas estratégicas vitais para o país como o meio ambiente. O economista também já havia se engajado na campanha de Marcelo Freixo (PSB) ao governo do Rio.
O economista já demonstrava ser crítico à gestão de Bolsonaro. Ele discursou durante a leitura de duas cartas em defesa da democracia, no dia 11 de agosto. O evento, organizado na Faculdade de Direito da USP, ocorreu em meio a ataques de Bolsonaro contra o processo eleitoral, com insinuações golpistas.
Nesta quarta-feira, Arida também já havia afirmado que votaria em Lula no segundo turno e que um eventual novo governo PT será "fiscalmente responsável".
Para o economista, Bolsonaro é “claramente uma ameaça à democracia brasileira” e houve “imenso retrocesso civilizatório” em seu governo.
Arida já coordenou o programa do atual candidato a vice-presidente pelo PT, Geraldo Alckmin, em campanhas anteriores.