O diretório gaúcho do PT declarou apoio ao ex-governador Eduardo Leite (PSDB) no segundo turno da eleição para o governo do Rio Grande do Sul. Em nota, a legenda recomenda "voto crítico" no tucano em nome da defesa da democracia e para derrotar o candidato bolsonarista, Onyx Lorenzoni (PL).
— Compreendendo o momento político em que vivemos, decidimos recomendar o voto crítico em Eduardo Leite no domingo próximo, esperando com este gesto que todos (as) aqueles (as) comprometidos (as) com a democracia se unam para derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo neste segundo turno. Fazemos um chamamento, neste sentido, aos apoiadores da candidatura de Eduardo Leite. Entendemos que todos os democratas devem ter como compromisso primeiro a defesa da democracia e o combate às candidaturas que representam o atraso bolsonarista — diz o texto, assinado pelo presidente do PT-RS, Paulo Pimenta, pelo candidato do partido derrotado no primeiro turno, Edegar Pretto, além dos ex-governadores Olívio Dutra e Tarso Genro e do senador Paulo Paim.
Em nota, o PT-RS diz ainda que as divergências com Leite são "muitas" e "conhecidas" pelos gaúchos. O texto cita entre os assuntos que separam o ex-governador da legenda as privatizações dos serviços públicos, a adesão ao regime de recuperação fiscal e a taxação dos aposentados e pensionistas.
— Mas, agora é a hora de defender o Brasil e o Rio Grande da ameaça representada pelas candidaturas de Bolsonaro e Onyx — afirmam os petistas gaúchos.
Na semana passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse em Porto Alegre que o diretório estadual petista tinha autonomia para fazer o que bem entender no estado, "menos eleger Onyx". Lula não citou nominalmente Leite, mas afirmou que a população do Rio Grande do Sul deveria escolher a pessoa mais democrática, razoável e sensível aos problemas sociais.
Apesar do apoio do PT-RS, Leite escolheu se manter neutro na disputa pelo segundo turno. Ele disse que não iria abrir o seu voto para presidente "para não contaminar o debate"
— Nem o Lula nem o Bolsonaro vão vir aqui resolver os problemas do Rio Grande. Vou continuar no lado onde sempre estive, no centro — disse o ex-governador gaúcho em entrevista na sede do comitê da campanha, em Porto Alegre, no dia 7 de outubro.
Em entrevista ao GLOBO, publicada nesta segunda, Leite declarou que a polarização não traduz sua forma de pensar a política e que os votos de Lula e Bolsonaro não necessariamente significam validação de suas agendas, mas sim a rejeição de um e outro.
A última pesquisa Ipec, divulgada nesta sexta-feira, mostra Leite se mantendo em primeiro lugar com 50% das intenções de voto. O ex-ministro bolsonarista tem 41% da preferência do eleitorado gaúcho.
Leite terminou o primeiro turno da disputa gaúcha em segundo lugar, com 26,81% dos votos válidos, enquanto Onyx pontuou 37,50%. O ex-governador tucano tenta agora atrair o voto bolsonarista no estado, que deu vitória a Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno.
O Ipec entrevistou 1.200 eleitores do estado entre os dias 19 e 21 de outubro em 62 municípios. A pesquisa foi contratada pela RBS Participações S.A., tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos e está registrada na Justiça Eleitoral com o código RS-00643/2022.