Eleições 2022
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Por O Globo e agências internacionais — Washington

O deputado Lloyd Doggett se tornou, nesta terça-feira, o primeiro parlamentar do Partido Democrata a defender publicamente que Joe Biden abandone a disputa à reeleição nas eleições de novembro. O fraco desempenho no debate contra Donald Trump, na semana passada, expôs o que alguns veem como fragilidades do líder, que completará 82 anos em novembro, e levou a questionamentos sobre sua capacidade de comandar o país por mais quatro anos, até por aliados próximos. Apesar dos temores, o presidente atribuiu sua má performance ao "cansaço acumulado de viagens".

Em comunicado, Doggett, deputado do Texas, elogiou os esforços de Biden para “ajudar a reconstruir o país após a devastação de uma pandemia, uma insurreição e anos de sucateamento com Trump”. Mas apontou que muitos americanos demonstram insatisfação com o governo, e as pesquisas mostram Biden atrás de Trump em estados onde venceu há quatro anos. Um levantamento divulgado no domingo pelo instituto YouGov mostrou que 72% dos entrevistados dizem que ele não deveria disputar a reeleição — até o momento, ele rejeita deixar a disputa.

O parlamentar disse que contava com o debate para mudar esse cenário, mas, segundo ele, “o presidente fracassou ao tentar mostrar seus avanços e mostrar as mentiras de Trump”. Citando a decisão do presidente Lyndon Jonhson de não concorrer à reeleição em 1968, em meio à Guerra do Vietnã, Doggett afirmou que Biden “deveria fazer o mesmo”.

“Minha decisão de tornar essas duras questões públicas não foi simples, e de nenhuma forma diminui o respeito por tudo que o presidente Biden conseguiu”, escreveu o parlamentar. “Reconhecendo que, ao contrário de Trump, o maior compromisso de Biden sempre foi com seu país, não consigo mesmo, tenho a esperança de que ele tomará a dolorosa e difícil decisão de desistir. Eu, respeitosamente, peço que o faça.”

Mais tarde, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que o presidente não precisa se submeter a exames para comprovar sua capacidade de liderar o país. Um teste cognitivo "não se justifica e não é necessário", conforme sua equipe médica já havia assinalado anteriormente, disse aos jornalistas, acrescentando que Biden "sabe como dar a volta por cima".

Segundo o democrata, que falou em um encontro com doadores de campanha nesta terça-feira, o cansaço acumulado pelas viagens internacionais seria o motivo de seu mau desempenho, mas pontuou que "não é uma desculpa, é uma explicação".

— Não foi muito inteligente ter viajado pelo mundo todo duas vezes [...] pouco antes do debate — disse. — Não dei ouvidos à minha equipe... e quase dormi no palco.

No debate da quinta-feira passada, quando, como pontuou o deputado, se esperava um desempenho contundente de Biden, o que se viu foi um líder que tropeçava nas palavras, parecia frágil e por vezes confuso, e que permitiu que Trump desfilasse uma série de informações falsas e atacasse sua gestão sem muita resistência. “Catástrofe” foi uma das palavras mais ouvidas para descrever a noite depois que a transmissão terminou, acendendo uma série de alertas entre os governistas.

— Temos que ser honestos: não foi apenas uma noite horrível — afirmou, em entrevista à CNN, na terça-feira, o deputado Mike Quigley. — Eu só quero que ele reflita neste momento o quanto isso impacta não apenas sua campanha, mas todas as outras campanhas que ocorrerão em novembro.

'Eu não debato tão bem quanto costumava', diz Biden após duelo com Trump

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Ao mesmo tempo, aliados como a vice-presidente. Kamala Harris, e o ex-presidente Barack Obama saíram em defesa de Biden, argumentando que, embora a noite não tenha sido das melhores, ele conseguiu mostrar que era o nome “mais adequado” a comandar os EUA. Mas a “operação abafa” não evitou que alguns pesos pesados do partido se juntassem ao coro de questionamentos.

Em entrevista à NBC, a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi disse ser legítimo levantar dúvidas sobre as capacidades de Biden, assim como é legítimo fazer as mesmas perguntas sobre Donald Trump, que tem quatro anos a menos do que o presidente (mas se apresentou de maneira mais confiante e firme no debate).

— Acho que é uma pergunta legítima a se fazer: isso foi um episódio ou uma condição [de saúde]? — disse Pelosi, de 84 anos.

Ela confirmou ter escutado opiniões diversas sobre a permanência de Biden na disputa, mas revelou não ter conversado com o presidente desde o debate.

— Alguns estão dizendo “bem, como podemos discutir o processo [de indicação] dentro do que pode ser possível?”. Outros estão dizendo “Joe é o nosso cara, nós o amamos, nós confiamos nele. Ele tem visão, conhecimento, capacidade de julgamento e integridade — disse Pelosi à NBC. — Acredito em seu julgamento.

Pelosi ainda sugeriu ao presidente que faça algumas entrevistas “sem script” com jornalistas nos próximos dias e semanas, como prova de que está apto a mais um mandato.

— Isso seria muito bom para ele — concluiu a deputada. Horas depois, o presidente confirmou que dará uma entrevista à ABC, na sexta-feira, mas sem revelar se as perguntas serão combinadas previamente.

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