Os advogados do prefeito de São Paulo e pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), enviaram representação à Delegacia Especializada em Crimes Cibernéticos pedindo a abertura de um inquérito por calúnia contra Rosângela Crepaldi, investigada pela Polícia Federal que gravou um vídeo no qual acusa o emedebista de ter recebido repasses, quando era vereador, de um esquema que ficou conhecido como máfia das creches.
A defesa de Nunes, encabeçada pelo advogado Daniel Bialski, afirma que o atual prefeito é alvo de "artimanha e maquinaria fomentada por terceiros, sabidamente opositores ao atual governo" e diz que Rosângela faz "imputações sabidamente falsas" com o objetivo de atingir sua honra.
"Restam manifestos o intuito e a vontade de propagar conteúdo ofensivo, repugnante (estratégica e propositadamente, em meio ao período eleitoral) com o intuito de descreditar o trabalho e a imagem do suplicante (Nunes) enquanto gestor público, violando fatalmente a sua honra objetiva e, ao fim e a cabo, pretendendo influenciar seu eleitorado", argumenta.
Os advogados do prefeito dizem que o vídeo de Rosângela busca "atrair o interesse inesgotável da imprensa sensacionalista" e chegaram a pedir a exclusão da gravação, inicialmente divulgada pelo jornal "Folha de S.Paulo", de diversos canais de notícias. Em uma representação complementar apresentada logo após a primeira, a defesa recuou do pedido e disse que não pretendia incorrer em "censura ou tentativa de silenciar o direito à imprensa", mas sim que desejava "dirimir eventuais danos irreparáveis à Vítima, e, de outro, evitar a propagação desenfreada e incontrolável de seu conteúdo para fins eleitoreiros e políticos, além de impedir a divulgação de montagens feitas por adversários políticos".
A defesa também pede a quebra de sigilo telemático e telefônico de Rosângela e a decretação de busca e apreensão em seus endereços para inspecionar seu aparelho celular. Procurada, a defesa de Rosângela Crepaldi diz que ainda não foi citada.
Entenda o caso
Reportagem do jornal "Folha de S.Paulo" publicada nesta terça (30) traz um vídeo de Rosângela Crepaldi, uma mulher que é investigada pela Polícia Federal sobre o caso que ficou conhecido como máfia das creches, afirmando que Nunes, quando era vereador, recebeu verbas desviadas de escolas de ensino infantil de São Paulo. Segundo a mulher, Nunes era ligado à Associação Amiga da Criança e do Adolescente (Acria), que administra unidades de Educação Infantil na cidade, e teria recebido dois cheques da entidade.
A Polícia Federal concluiu o relatório das investigações sobre o caso nesta semana. Os investigadores entenderam que houve um esquema de desvio de verbas em creches administradas por organizações sociais e consideraram necessária a continuidade das investigações sobre o prefeito Ricardo Nunes. Segundo a PF, pesam contra Nunes suspeitas de lavagem de dinheiro.
A PF indiciou 116 pessoas e, em relação a Ricardo Nunes, indicou que sejam extraídos dados de outros processos e de sigilos bancários para que seja apurado sua relação com o suposto esquema.
Em entrevista concedida na quarta-feira, Nunes negou irregularidades e apontou objetivo eleitoral nas acusações, dizendo que “em nenhum momento” foi indiciado ou investigado nesse caso.
— Estamos a dois meses da eleição, infelizmente sempre tem essa situação das pessoas criarem contexto. Esse processo tem mais de 20 mil folhas, em nenhum momento aparece a citação do meu nome, inclusive há mais de dois anos foi pedido para mim alguns esclarecimentos. Prestei todas as informações necessárias. Nunca tive nenhum indiciamento, não tenho nenhum processo, nenhuma condenação. Então a gente tem uma pessoa que está indiciada, que tem uma questão muito forte com relação à prática de ilegalidades, querendo atuar num processo eleitoral de uma forma totalmente injusta— falou.
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