O presidente Lula (PT) fez as primeiras participações pública na campanha de Guilherme Boulos (PSOL). Na manhã deste sábado, em São Paulo, Lula e Boulos fizeram um comício no Campo Limpo, bairro da Zona Sul da cidade onde mora o candidato psolista. À tarde, o ato foi em São Miguel, na Zona Leste.
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Lula discursou pouco depois do meio-dia no Campo Limpo e relembrou o primeiro encontro com Boulos:
— Conheci o Boulos fazendo protesto na frente da minha casa, em 2005. Cheguei em casa tinha umas barracas e me disseram que era o MTST — afirmou o presidente. — Eu poderia ter rompido com o Boulos, chamado ele de invasor de terras, mas resolvi me aproximar. Essa cidade teve a primeira experiencia de administração social com a Erundina, depois Marta e depois Haddad. Boulos será a síntese do que os três fizeram — concluiu.
Em seu discurso, Boulos alfinetou os candidatos Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB), que disputam o apoio do eleitorado bolsonarista na cidade.
— Do lado de lá, a gente tem candidatos que representam o pior da política brasileira, o bolsonarismo. Do lado de cá a gente tem o time desse cara aqui, o melhor presidente da história — disse, apontando para Lula. — Há dois anos, a gente derrotou o coisa ruim. Neste ano, a gente vai derrubar as duas faces do bolsonarismo — afirmou Boulos.
Em seguida, o candidato do PSOL fez ataques mais duros a Marçal:
— Não vou deixar um bandido como Pablo Marçal chegar perto da prefeitura. Aqui, não. Que vá lá para Goiás, aqui não tem espaço para isso — disse.
O evento conta com a presença de ministros do governo federal como Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, e Marina Silva, do Meio Ambiente. Também estão presentes diversos deputados federais, estaduais e vereadores do partido da coligação de Boulos. Marina também deu um recado indireto sobre Marçal:
—Temos que ter muito cuidado Guilherme, Lula, em uma disputa da cidade mais importante do nosso país, cair na tentação, em arapucas, ao invés de discutir proposta, ficar entrando no jogo daqueles que só sabem discutir política com alguma agressividade — disse a ministra. —Essas pessoas têm estratégia muito simples, ao invés de debater o problema da mudança climáticas, essas pessoas ficam na lógica da desqualificação — acrescentou.
Mais cedo Lula e Boulos gravaram vídeos na casa do deputado, para a participação do presidente no propaganda eleitoral do candidato do PSOL
No ato, Lula também relembrou o início das parcerias entre o governo federal e movimentos sociais para a construção de moradias e disse que o que está em jogo na eleição é a “sobrevivência ou não da democracia”. O presidente exaltou ainda Marta Suplicy, que voltou recentemente ao PT e é vice de Boulos. Ele lembrou que essa é a primeira vez que o partido que fundou não concorrerá à prefeitura de São Paulo, ressaltando que Boulos, mesmo no PSOL, é o “candidato do PT”.
Ao fim do discurso, o presidente homenageou Getúlio Vargas. Hoje completam 70 anos da morte do ex-presidente.
Boulos escolheu fazer promessas de infraestrutura para os moradores da Zona Sul, como a duplicação da estrada do M'Boi Mirim, e citar obras das gestões de Erundina e Marta na região. Disse também que, caso eleito, irá continuar morando no Campo Limpo.
Na Zona Leste
No segundo comício do dia em São Miguel, na Zona Leste de São Paulo, Boulos e Lula foram acompanhados dos ministros da Fazenda Fernando Haddad, Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas e Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário.
O Ministro da Fazenda também fez ataques velados a Marçal:
— Você já reparou, todo mau caráter quer se passar por louco, mas não deixa de ser mau caráter. Precisamos compreender que tem mau caráter concorrendo na cidade de São Paulo — disse Haddad.
Lula, por sua vez, voltou a fazer comentários sobre a história de Boulos e aproveitou para atacar João Doria, ex-prefeito e ex-governador de São Paulo:
— O Boulos é um menino que poderia estar na classe média paulista andando de motociata. Mas ele conheceu essa menina que o levou para morar no Campo Limpo — disse o presidente em referência à advogada Natalia Szermeta, esposa do candidato.
— De vez em quando a gente tem uma certa decepção. Nunca consegui compreender a eleição com o Doria, que o Haddad não foi reeleito. O povo conseguiu acreditar em uma mentira, que foi o prefeito mais fracassado da cidade de São Paulo e depois foi eleito governador fracassado — concluiu Lula.
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