Política

Em reunião ministerial, presidentes de bancos atacam a imprensa e minimizam pandemia

Dirigente da Caixa ainda disse que Witzel 'está roubando para tudo quanto é lado'
O presidente do BC, Roberto Campos Neto: atuação do BC divide senadores e deputados Foto: Jorge William/26-2-2019 / Agência O Globo
O presidente do BC, Roberto Campos Neto: atuação do BC divide senadores e deputados Foto: Jorge William/26-2-2019 / Agência O Globo

SÃO PAULO. Além dos ataques a políticos e instituições por parte do presidente Jair Bolsonaro e de ministros, a reunião do dia 22 de abril no Palácio do Planalto também foi marcado por desqualificação do trabalho da imprensa por parte do presidente do Banco Centra l, Roberto Campos Neto. Já o presidente da Caixa , Pedro Guimarães, afirmou que o governador do Rio, Wilson Witzel,  está "roubando para tudo quanto é lado" e o presidente do Banco do Brasil , Rubem Novaes, minimizou a pandemia do coronavírus, dizendo acreditar que o pico da doença já tinha passado.

Ainda durante a reunião, o ministro da Economia, Paulo Guedes, levantou a hipótese de privatização do Banco do Brasil, mas Bolsonaro afirmou que o assunto só pode entrar em pauta em 2023, ou seja no primeiro ano de um eventual segundo mandato do presidente.

Na sua fala no encontro, Roberto Campos Neto alertou que o mundo está com medo de assumir risco por causa da pandemia.

— Quanto mais informação você tem mais medo você tem porque a mídia joga medo.

Para o presidente do BC, a mídia produz informação "enviesada" sobre o coronavírus.

— Então tem hoje uma classe mais alta que tem mais medo do que uma classe mais baixa. E justamente porque tem mais acesso a informação e é uma informação enviesada.

Dentro da mesma linha, o presidente da Caixa afirmou que há uma "histeria coletiva" com a doença e ao destacar que 30 mil funcionários do banco público têm trabalhado diariamente nas agências classificou como "frescurada" a redução do home office.

— Tenho 30 mil funcionários na rua. Não nessa frescurada de home office.

Guimarães também lembrou o episódio da mulher do deputado federal e ex-nadador, Luís Lima (PSL-RJ), que foi detida no dia 21 de abril na praia de Copacabana, no Rio, quando acompanhava a filha de 14 anos que fazia um treino de natação no local.

— Se fosse eu (no lugar de Luís Lima) iria pegar minhas 15 armas. E aquele governador (Wilson Witzel) roubando pra tudo quanto é lado.

Já nos minutos finais da reunião, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, reclamou que o agronegócio não aguenta trabalhar com uma taxa de juros de 9%, Bolsonaro interviu e perguntou se o Banco do Brasil não falaria nada. Nesse momento, Paulo Guedes disse que a direção do banco tinha sua atuação limitada porque a instituição, apesar de estatal, possui acionistas minoritários privados. O ministro da Economia falou que, por isso, o banco está pronto para ser privatizado.

— Só se discute, só se fala isso em 23 — cortou Bolsonaro.

O presidente do Banco do Brasil então pediu licença para dar uma opinião sobre a pandemia, dizendo acompanhar os números da doença diariamente.

— Os óbitos diários passaram de 200 durante alguns duas. Mas de 4 a 5 dias pra caíram bastante. A minha sensação, de quem não é especialista no negócio mas observa, é que o tal do famoso pico, que gerava tanta preocupação, já passou — afirmou Novaes, no final da reunião do dia 22.

Na última quinta-feira, o país contabilizou no período de 24 horas 1.188 mortes por causa da doença.