RIO — Após ter sido criticada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Polícia Federal do Maranhão manteve a versão de que Paulo Paulino Guajajará foi morto durante uma troca de tiros dentro da terra indígena Araribóia, na região de Bom Jesus. A corporação ainda reafirmou que o conflito que culminou na morte do indígena e de Márcio Gleik Moreira Pereira foi motivado pelo furto e depredação de uma motocicleta.
Entrevista: 'Quais indícios tem a PF para negar que é um conflito étnico?', diz secretário de Conselho Indigenista
A conclusão do inquérito da PF sobre o assassinato de Paulino, em novembro do ano passado, foi divulgada nesta quarta-feira e descartou a possibilidade da morte ter sido causada por uma emboscada ou crime étnico . No dia, a polícia não esclareceu as circunstâncias do crime.
Entrevista: 'Nunca vi um presidente da Funai que não gosta de índio', diz subprocurador da República
Agora, a PF informou que tanto o indígena quanto Gleik e os demais envolvidos no confronto estavam armados.A Polícia Federal afirmou ainda que Gleik, não-indígena, havia entrado em Araribóia com mais três pessoas para caçar — cada um dos quatro estava com uma motocicleta. Um dos veículos foi furtado pelo grupo de Paulino, conforme foi dito nos depoimentos colhidos na investigação.
Ataques: Um terço dos assassinatos de índios no Brasil é registrado no Maranhão
Quatro pessoas foram indiciadas pelo crime. A PF, no entanto, não deu detalhes sobre os indiciamentos, que foram encaminhados à Justiça Federal e ao Ministério Público Federal.
Ataques a indígenas na região
Paulino era integrante de um grupo de agentes florestais indígenas autodenominados "guardiões da floresta", do povo Tenetehara. Na época do assassinato, a Secretaria de Direitos Humanos do Maranhão informou que ele havia sido morto numa emboscada. Um "dos fazendeiros envolvidos no ataque", também morreu, segundo informou a pasta por nota.
Veja galeria de imagens: Contra extração ilegal de madeira, índios formam grupo para impedir ação de madeireiros
O líder indígena Laércio Souza Silva foi ferido no braço durante o conflito. Ele chegou a dar uma entrevista relatando que seu grupo foi atacados por cinco madeireiros .
No ano passado, o Maranhão foi o epicentro da escalada de violência contra indígenas; o estado registrou quatros mortes de Guajajaras em menos de um mês e meio na região.
Leia mais: Índios denunciam invasão de terras indígenas no Maranhão