Política

Jornal garante na Justiça direito de obter laudos de exame para coronavírus de Bolsonaro

União terá um prazo de 48 horas para apresentar os laudos de todos os testes
Presidente Jair Bolsonaro cumprimenta populares em cidades no entorno de Brasília Foto: Reprodução / Twitter
Presidente Jair Bolsonaro cumprimenta populares em cidades no entorno de Brasília Foto: Reprodução / Twitter

RIO — O jornal “O Estado de S.Paulo” obteve nesta segunda-feira na Justiça Federal o direito de obter os testes de Covid-19 feitos pelo presidente Jair Bolsonaro . A União terá um prazo de 48 horas para apresentar os laudos de todos os exames de Bolsonaro para identificar uma possível contaminação pelo novo coronavírus . Em todas as ocasiões, o presidente negou que estivesse doente, mas se recusou a apresentar os resultados.

“No atual momento de pandemia que assola não só o Brasil, mas o mundo inteiro, os fundamentos da República não podem ser negligenciados, em especial quanto os deveres de informação e transparência”, afirmou em sua decisão a juíza Ana Lúcia Petri Betto.

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A Advocacia-Geral da União enviou à Justiça Federal de São Paulo manifestação contrária à divulgação dos resultados dos exames de Bolsonaro. A AGU diz que o pedido deve ser negado, sob alegação de que a "intimidade e privacidade são direitos individuais". O Planalto não se manifestou.

O jornal questionou diversas vezes o Palácio do Planalto e o próprio presidente sobre a divulgação dos resultados dos exames. Os pedidos também foram feitos via Lei de Acesso à Informação. Na ação, o "Estado de S. Paulo" aponta "cerceamento à população do acesso à informação de interesse público", que culmina na "censura à plena liberdade de informação jornalística".

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Segundo os advogados no veículo de comunicação, a evolução da Covid-19 no País "exige informações corretas e precisas a respeito do tema e respostas rápidas e incisivas do Judiciário, especialmente diante da notória postura errática, desdenhosa e negacionista do Presidente da República em relação à pandemia da covid-19”.

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“Não se pode ignorar que Jair Bolsonaro detém o mais proeminente mandato da administração pública do Brasil. A sociedade tem interesse permanente, portanto, em conhecer o estado de saúde do seu mandatário e, por conseguinte, acompanhar a sua sanidade para comandar o País”.

Em março, nos dias 12 e 17, quando voltou de uma missão oficial nos Estados Unidos, o presidente realizou os testes para dectar a doença. Pelo menos 23 pessoas de sua comitiva foram infectadas, entre eles, o secretário de Comunicação Social da Presidência da República, Fabio Wajngarten, e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno.