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Lira diz que Câmara será ‘ponte’ de diálogo, mas pede ‘basta’ à escalada da crise

Deputado se manifesta após ataques de Bolsonaro às instituições
Lira diz que Câmara será ‘ponte’ de diálogo, mas pede ‘basta’ à escalada da crise Foto: Reprodução
Lira diz que Câmara será ‘ponte’ de diálogo, mas pede ‘basta’ à escalada da crise Foto: Reprodução

BRASÍLIA — O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta quarta-feira que é preciso dar “um basta” à escalada da crise entre Poderes e se ofereceu para mediar o conflito entre Executivo e Judiciário. O pronunciamento lido pelo parlamentar ocorre um dia após Jair Bolsonaro fazer novas ameaças às instituições e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

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— Conversarei com todos, de todos os Poderes. É hora de dar um basta nessa escalada, em um infinito looping negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade. O Brasil vê a gasolina chegar a R$ 7, o dólar valorizado em excesso e a redução de expectativas. Uma crise que é superdimensionada nas redes sociais—  disse Lira.

Discursando em palanques de Brasília e São Paulo, Bolsonaro afirmou na quarta-feira que Moraes era “canalha” e que não iria mais cumprir suas decisões judiciais. Em seu discurso, Lira tentou aliviar as tensões. Ressaltou ainda que a possibilidade de voto impresso, uma demanda das manifestações, já teve um ponto final na Câmara. Lira sobre 7 de set

— Os Poderes têm delimitações. O tal quadrado deve se circunscrever ao seu raio de atuação. Isso define respeito e harmonia. Não posso permitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página.

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Em discurso gravado, Lira evitou citar qualquer possibilidade de impeachment. Em outras duas ocasiões, também em momentos sensíveis para o governo, o presidente da Câmara citou a figura alegórica de um “botão amarelo”. O mecanismo estaria sendo “apertado” por Lira: um aviso de que ele poderia tomar uma atitude drástica.

Desta vez, Lira indicou que o futuro será decidido nas eleições de 2022.

— Por fim, vale lembrar que temos a nossa Constituição, que jamais será rasgada. O único compromisso inadiável e inquestionável que temos em nosso calendário está marcado para 3 de outubro de 2022. Com as urnas eletrônicas. São nas cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo  expressa sua soberania. Que até lá tenhamos todos, serenidade e respeito às leis, à ordem e, principalmente, à terra que todos nós amamos.

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No início do pronunciamento, Lira disse que não há mais “espaço para radicalismo e excessos”.

— Esperei até agora para me pronunciar porque não queria ser contaminado pelo calor de um ambiente já por demais aquecido. Não me esqueço um minuto que presido o Poder mais transparente e democrático.

O presidente da Câmara disse ainda que a Casa, diante da crise, “não parou” e continuou a analisar reformas. Além disso, enalteceu “todos os brasileiros que foram às ruas de modo pacífico”. Segundo Lira, o Legislativo está aberto para dialogar.

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— A Câmara dos Deputados apresenta-se hoje como um motor de pacificação. Na discórdia, todos perdem, mas o Brasil e a nossa História tem ainda mais o que perder. Nosso país foi construído com união e solidariedade e não há receita para superar a grave crise socioeconômica sem estes elementos.