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Política

MDB e PSDB do Senado fecham questão a favor de veto que impede controle de R$ 30 bi pelo Congresso

Líder emedebista diz que decisão não depende de acordo com o governo
O senador Eduardo Braga. Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
O senador Eduardo Braga. Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

BRASÍLIA — Depois do avanço do acordo entre governo e Congresso, o MDB e o PSDB do Senado anunciaram que votarão pela manutenção do veto que impede o controle de R$ 30 bilhões do Orçamento pelo Legislativo. O MDB tem a maior bancada da Casa, com 14 senadores. E o PSDB, nove.

Alguns parlamentares do MDB, como Simone Tebet (MS) e Renan Calheiros (AL), já haviam anunciado que se posicionarão a favor do veto. Líder da legenda, Eduardo Braga (AM), no entanto, nega que a decisão tenha sido motivada pelas tratativas com o Executivo. Na tarde desta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro encaminhou para o Congresso um projeto que faz parte de um acordo com parlamentares para manter parte dos vetos presidenciais.

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— Por unanimidade, a bancada do MDB, independentemente de qualquer outra questão, assegura os votos pela manutenção do veto, reconhecendo a importância do equilíbrio entre os Poderes, do estado democrático e, acima de tudo, a necessidade da governabilidade do Brasil — disse o senador.

Na tarde desta terça-feira, líderes se reuniram na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para ajustar os últimos detalhes do acordo e analisar o texto enviado pelo governo. O projeto, no entanto, ainda não está nas mãos de deputados e senadores. A sessão para análise dos vetos estava marcada para 14h, mas haverá atraso por conta das últimas negociações.

Formado por senadores de diferentes partidos que se identificam com o discurso de uma "nova política", o Muda Senado reafirmou nesta terça-feira que votará pela manutenção do veto. Eles dizem que, além do próprio grupo, formado por cerca de 20 parlamentares, contabilizam votos de outros colegas. Para eles, 34 senadores já são favoráveis ao veto.

— Já asseguramos ao governo que vamos manter o veto. Basta que o governo converse com seus senadores e alguns dos seus leais apoiadores e está garantido. Calculamos 34 votos, possível  de aumentar — diz Alvaro Dias (Podemos-PR).

Já o senador Major Olímpio (PSL-SP) acusou os presidentes de Câmara e Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), de usarem o dinheiro do Orçamento para buscarem a reeleição para o comando de ambas as casas.

— Nada me tira da cabeça que esses R$ 30 bilhões (do Orçamento controlados pelo Legislativo) vão possibilitar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para reeleição de presidentes da Câmara e Senado. Ninguém aqui é bobinho. Se querem discutir o parlamentarismo, que seja um debate aberto — disse Major Olímpio.