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Política Eleições 2022

Moro e Bolsonaro disputam apoio de governadores que pediram votos para atual presidente

Ex-ministro busca ex-aliados do Planalto em Minas Gerais e Paraná, e também trabalha para atrair União Brasil e receber mais três palanques que estavam com governo em 2018
Bolsonaro e Moro durante cerimônia no Planalto, em 2019: ex-ministro tenta atrair governantes que apoiaram presidente Foto: ADRIANO MACHADO / Reuters/18-12-2019
Bolsonaro e Moro durante cerimônia no Planalto, em 2019: ex-ministro tenta atrair governantes que apoiaram presidente Foto: ADRIANO MACHADO / Reuters/18-12-2019

SÃO PAULO - A entrada do ex-juiz Sergio Moro (Podemos) na corrida presidencial pode enfraquecer os palanques estaduais do presidente Jair Bolsonaro (PL). As candidaturas disputam o apoio de pelo menos dois governadores: Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ratinho Jr. (PSD), do Paraná.

Além disso, a campanha do ex-ministro bolsonarista trabalha para atrair outros três chefes do Executivo estadual que estiveram com o presidente em 2018: Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás, Mauro Mendes (DEM), de Mato Grosso, e Marcos Rocha (PSL), de Rondônia. Eles devem integrar o União Brasil, partido que surgirá a partir da fusão de DEM e PSL e que tem sido alvo de investidas de Moro.

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Na eleição de 2018, Bolsonaro teve apoio explícito de 12 dos governadores eleitos. O mineiro Zema chegou a pedir votos para o presidente em um debate. Agora, procura manter distância. Em novembro, Moro o convidou para formar uma aliança. O mineiro, porém, vem afirmando que apoiará o pré-candidato do Novo, Luiz Felipe d'Ávila.

Apesar disso, o governador manteve acenos ao presidente. Num evento ao lado de Bolsonaro, no fim de setembro, ele tirou a máscara que usava e foi aplaudido pela claque bolsonarista.

Outro antigo aliado de Bolsonaro que está dividido é Ratinho Jr. O entorno de Moro diz acreditar que, no estado berço da Operação Lava-Jato, o senador Álvaro Dias (Podemos) e o governador estarão no mesmo palanque. Ainda assim, a decisão depende de arranjos. O PSD também lançou um pré-candidato, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG).

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O governador, porém, não fechou as portas com o presidente. Em outubro, estiveram juntos na inauguração da ampliação de um aeroporto em Maringá.

Olho no União Brasil

Uma costura tramada por Podemos e uma ala do PSL pode tirar outros antigos aliados de Bolsonaro. O vice-presidente nacional do partido, que deve se fundir com o DEM, Júnior Bozzella, tem defendido uma coalizão em torno de Moro, o que poderia levar ao palanque do ex-ministro mais três governadores. Bozella e Renata Abreu, presidente do Podemos, já conversaram sobre o assunto em São Paulo.

— Em São Paulo, Rio e Minas precisamos pensar bem a estratégia (de palanques estaduais), porque é onde dá pra tirar os 35% para botar ele (Moro) no segundo turno. (É preciso) pensar se não valeria uma candidatura ou aliança — diz Renata.

Se em Minas Gerais e no Paraná a disputa de Bolsonaro é com um adversário, Moro, pelo mesmo palanque, em São Paulo e no Rio Grande do Sul, por sua vez, o bolsonarismo está dividido entre candidatos do seu próprio campo. O deputado Giovani Cherini, presidente do PL gaúcho, assumiu a coordenação da pré-campanha de Onyx Lorenzoni, que deve se filiar ao PL em março e concorrer contra o senador Luís Carlos Heinze (PP), também aliado de Bolsonaro.

— Se os dois candidatos saírem, o eleitor bolsonarista vai ver quem tem mais chance de ganhar, e aí vai ter uma debandada para o lado desse candidato — diz Cherini.

Apoio dividido

Já em São Paulo, o cenário depende de uma série de definições. Enquanto Bolsonaro quer lançar seu ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, prepara também sua candidatura. Os dois não estão rompidos, mas também não vivem o melhor momento, e aliados de Weintraub já se preparam para uma empreitada sem apoio presidencial.

O governo federal espera contar com o apoio dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (DF). Além de Tarcísio e Onyx, deve apadrinhar as candidaturas de Jorginho Mello (PL), em Santa Catarina, João Roma (Republicanos), na Bahia, e Vitor Hugo (PSL), em Goiás. (Colaboraram Bianca Gomes e Camila Zarur)