O novo presidente do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, afirmou nesta quinta-feira que a maior parte dos danos causados durante os ataques às sedes dos três Poderes em Brasília é reversível. Ao lado da ministra da Cultura, Margareth Menezes, Grass apresentou um diagnóstico da destruição causada pelos golpistas.
Técnicos do Instituto fizeram o levantamento dos itens destruídos no Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional e reuniram as informações em um documento para auxiliar a restauração do patrimônio público. Ainda não há estimativas a respeito do valor do prejuízo e de quanto tempo será necessário para recuperar os prédios. Os técnicos do Iphan explicaram, porém, que, em relação à estrutura dos prédios, tudo será reparado. Já as obras que estavam dentro dos palácios ainda serão objeto de análise.
— Não foi identificada nesse relatório preliminar, nessa primeira análise, sob ponto de vista de edificação, nenhum dano irreparável. Sobre os bens móveis vai ser analisado — afirmou Grass.
A ministra Cultura afirmou que a reparação dos danos acontecerá em três etapas. Elas começam pelo levantamento feito pelos técnicos do Iphan, passam pela elaboração de projetos e terminam com a execução das obras.
— É um prejuízo muito grande que tivemos. A continuação desse trabalho vai demandar alguns meses— afirmou Margareth.
Mais cedo O GLOBO percorreu os três prédios para acompanhar o trabalho de reconstrução.No Palácio do Planalto e no Congresso Nacional as reparações estão mais adiantadas. Na manhã desta quinta-feira, uma equipe de limpeza tentava recuperar o piso do salão negro do Congresso, que foi arranhado durante os ataques. A maior parte dos escombros já foram retirados dos prédios dos legislativo. Agora o trabalho será restaurar obras danificadas, recolocar vidros e repararar esquadrias.
No salão verde da Câmara e na entrada do Senado Federal os carpetes, que foram totalmente molhados durante a ação dos terroristas, exalam um cheiro forte. O local estava totalmente vazio nesta manhã. Os acessos à Chapelaria, por onde costumam entrar as autoridades, também foram bloqueados.
Servidora do Congresso há cerca de dez anos, Luciana Botelho se emocionou ao comentar sobre a destruição:
— Fiquei com medo de chegar aqui e terem destruído tudo. Temos muitas obras de arte aqui. Eu ainda me sinto insegura, porque os vidros ainda não foram todos repostos— conta a recepcionistas que atua também como guia do Museu do Senado. — Espero que o brasileiro pare de criar terrorismo contra seu próprio povo.