Economia
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Por Renan Monteiro e Eliane Oliveira — Brasília

Rita Serrano afirmou, após sua cerimônia de posse como presidente da Caixa Econômica Federal na noite desta quinta-feira, que o banco público vai suspender as operações de crédito consignado do antigo Auxilio Brasil, agora renomeado como Bolsa Família. O perdão da dívida, por outro lado, foi descartado.

— Nós estamos suspendendo o consignado do Auxilio (Brasil), por duas razões. A primeira é que o Ministério do Desenvolvimento Social vai revisar o cadastro (dos beneficiários), então é de bom tom que a gente mantenha, pois nós não sabemos quem ficará nesse cadastro ou não. E a outra razão é que de fato os juros para essa modalidade consignada é muito alto. Nós estamos suspendendo para reavaliar essa questão dos juros e ver as possibilidades que existem para tentar baixar esse juros dentro das regras de conformidade — disse.

Atualmente, de acordo com informações oficiais da Caixa, os beneficiários têm possibilidade de empréstimo com juros de 3,45% ao mês, muito acima de outros consignados, como de aposentados. O prazo de pagamento do valor emprestado é em até 2 anos.

De acordo com a equipe de transição do governo Lula, essa modalidade de crédito concedeu R$ 9,5 bilhões em empréstimos para 3,5 milhões de beneficiários do Auxílio Brasil. A maior parte do valor saiu da Caixa Econômica. A linha de crédito, que começou entre os dois turnos das eleições presidenciais, foi questionada por comprometer até 40% da renda dos beneficiários e pelo eventual uso eleitoral da medida, uma vez que Jair Bolsonaro queria aumentar suas chances de reeleição.

Questionada sobre possível perdão aos devedores, a nova presidente da Caixa Econômica Federal disse que "não há perspectiva".

— O banco não tem como fazer isso, mas eu acredito que há possibilidade de tentar negociar com o Governo inclusive formatos para baixar os juros — afirmou.

No primeiro discurso como presidente, Rita Serrano também falou do papel estratégico do banco na gestão de políticas públicas e criticou o que chamou de governos liberais do passado. Em sua cerimônia de posse, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a nova chefe do banco público afirmou que no governo de Jair Bolsonaro houve uma política de "assédio e medo" na direção do banco.

Foi uma referência ao escândalo de assédio sexual e moral que afastou da presidência do banco Pedro Guimarães, muito próximo de Bolsonaro, no ano passado. Ao agradecer Lula pela nomeação, Serrano destacou o fato de ser mulher, ativista e representante sindical.

— A instituição sobreviveu aos governos liberais da década de 1990, privatizando praticamente todos os bancos estatais e outras empresas públicas, e se consolidou como maior gerenciadora de programas sociais do país a partir do Governo Lula — afirmou. — Hoje a Caixa faz 162 anos e a construção dessa história se deu por diversas mãos (...) Essa façanha (sua posse) só foi possível com um governo ousado e comprometido com a democracia, a igualdade e a justiça social.

Rita é a quarta mulher na presidência do banco e substitui Daniella Marques, que assumiu a direção da instituição em julho de 2022, após Pedro Guimarães pedir demissão em meio fortes acusações de assédio sexual a funcionárias. O caso foi parar na Justiça.

A nova presidente da Caixa foi anunciada para o posto máximo do banco no fim de 2022, ao lado de Tarciana Medeiros, funcionária de carreira que deverá assumir a presidência do Banco do Brasil, ainda neste mês.

Perfil

A nova presidente da Caixa tem forte vínculo com o movimento sindical. Já presidiu o Sindicato dos Bancários do ABC paulista entre 2006 e 2012, atuando, hoje, no conselho fiscal da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae).

A defesa de empresas públicas é outro ponto recorrente na trajetória de Serrano. Ela coordena, desde 2015, o Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas. Ela também é autora do livro “Caixa, banco dos brasileiros’’ de 2018.

Rita Serrano é funcionária da Caixa Econômica Federal desde 1989. Ela entrou para o Conselho de Administração do banco em 2014 e atua como titular do colegiado desde 2017. A renúncia ao posto máximo do Conselho foi anunciada logo após a sua indicação para a presidência do Banco Público.

Haddad: 'Caixa volta às mãos dos trabalhadores'

Também presente na cerimônia de posse, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que manteve contato com a Caixa diversas vezes, quando era ministro da Educação e prefeito de São Paulo. Ele ressaltou que, nos governos petistas, foram oferecidos subsídios para que as famílias de baixa renda pudessem ter acesso a moradia digna

— É emocionante ver a Caixa voltar às mãos dos trabalhadores — disse o ministro, referindo-se ao fato de Rita Serrano ser funcionária de carreira do banco.

Haddad anunciou, nesta quinta-feira, uma série de medidas para melhorar as contas públicas. As ações, que abrangem aumento de receitas e corte de despesas, somam R$ 243 bilhões.

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