Política
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Por Jeniffer Gularte — Brasília

O anúncio feito pelo ministro de Portos e Aeroportos, Marcio França, de um programa que prevê a venda de passagens aéreas a R$ 200 sem autorização do Palácio do Planalto irritou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e levou o ministro a telefonar à Casa Civil para se explicar. O episódio foi um dos que encorajaram o petista a dar um duro recado aos seus auxiliares durante a reunião ministerial desta terça-feira, na tentativa de evitar que casos como esse se repitam.

Márcio França apresentou a ideia de forma preliminar a Lula na sexta-feira no Palácio do Planalto. De acordo com auxiliares, o presidente gostou da ideia e o orientou a encaminhá-la à Casa Civil, a pasta que coordena as ações de governo. No domingo, porém, o "Correio Braziliense" publicou uma entrevista em que França anunciava que o programa estava montado e que dependia apenas do aval do Planalto.

Lula e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, ficaram incomodados ao descobrir pela imprensa que França havia feito a divulgação do programa. Com a repercussão positiva do assunto na internet, o ministro da da secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, chegou a republicar um post do programa "Voa, Brasil!". Com a irritação de Lula, Pimenta foi orientado pela Casa Civil e apagou a publicação.

Nesta terça-feira, ao receber os ministros da área social do governo, sem a presença de França, Lula abriu a reunião com uma bronca coletiva. A declaração, em tom irônico, foi transmitida ao vivo pela TV Brasil, que acompanhava o evento:

— Todo e qualquer posição, qualquer genialidade que alguém possa ter, é importante que, antes de anunciar, faça uma reunião com a Casa Civil. Para que a Casa Civil discuta com a Presidência da República e que a gente possa chamar o autor da genialidade e a gente então anuncie publicamente como se fosse uma coisa do governo — disse Lula.

Dentro da Casa Civil, a iniciativa de França pegou mal porque o programa de passagens a preços menores não estava na lista dos anúncios a serem feitos pelo governo. Nas próximas semanas, o Executivo planeja bater bumbo em torno de outras medidas, como o novo "Mais Médicos", o "Água para Todos" e um plano de investimentos na área de infraestrutura, entre outros.

Na avaliação de técnicos da Casa Civil, a precipitação de França pode prejudicar o andamento do programa ou até mesmo afundar o futuro da ideia, expondo o presidente em uma das suas promessas de campanha, de trabalhar para ampliar as possibilidades da população de baixa renda de fazer viagens de avião pelo Brasil. O argumento é de que a proposta não passou pela análise de viabilidade operacional e financeira da Casa Civil. Aliado a isso, técnicos de setor de infraestrutura têm afirmado a integrantes do Planalto que que a medida não é exequível.

O GLOBO apurou que, diante do curto-circuito, Márcio França ligou para integrantes da Casa Civil nesta terça-feira para explicar sua proposta. Na conversa, ele argumentou que não haveria uso de dinheiro público no projeto. A ideia do ministro é que cada empresa área abra um cadastro para estudantes do Fies, aposentados e servidores com salário até R$ 6,8 mil. Cada CPF de representante desses segmentos teria direito a comprar duas passagens por ano por R$ 200 em horários intermediários e espaços excedentes nas aeronaves.

Entre os questionamentos levantados dentro da Casa Civil é de como o governo faria essa regulação. Outra crítica feita por integrantes do Planalto é o programa beneficiar servidores públicos, o que poderia gerar repercussão negativa. Por não haver detalhamento dessas questões, auxiliares do presidente argumentam que a atitude de França passou sinal de amadorismo e desorganização do governo, justamente quando o Palácio do Planalto tenta acelerar a agenda de entregas do governo.

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