Os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Jader Filho (Cidades) se dirigiram ao Senado nesta terça-feira para conversar com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre a votação do projeto que derruba partes do decreto do saneamento. A reunião, porém, acabou não ocorrendo.
Padilha, Jader e Rui chegaram ao Senado pouco antes das 16h. Pacheco estava no gabinete recebendo a visita do deputado português Duarte Pacheco, presidente da União Interparlamentar (UIP), organização internacional de parlamentos de estados soberanos.
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Ao chegar à presidência do Senado, os ministros aguardaram o encontro, em uma sala ao lado, mas Pacheco logo saiu dizendo que precisava abrir a sessão do plenário. O grupo, então, seguiu para o gabinete da liderança do governo para se reunir com líderes da base.
Pacheco não ter recebido os ministros foi um sinal de insatisfação. O senador ficou sabendo da indicação do governo para os cargos no Banco Central pela imprensa, durante coletiva na segunda-feira (8), sem ser consultado antes pelo governo e não gostou.
Segundo interlocutores, Pacheco sentiu que houve uma quebra de liturgia no processo e quis deixar claro. As indicações precisam ser votadas pelo Senado. Ainda segundo fontes, Pacheco não chegou a cruzar os ministros durante a tarde dessa terça-feira e a visita do Executivo não tinha sido avisada com a antecedência.
Na semana passada, a aprovação de um projeto que derrubou partes do decreto na Câmara, ao lado do adiamento da votação do PL das Fakes News, marcaram as primeiras derrotas do governo Lula no Congresso. Essas ações vieram ainda acompanhadas de fortes críticas à falta de articulação do Executivo com o Legislativo.
O Palácio do Planalto definiu nesta segunda-feira, em reunião com Lula, a estratégia para evitar nova derrota envolvendo o decreto sobre o marco do saneamento no Senado, após o revés na Câmara. De acordo com Padilha, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Jader Filho (Cidades) ficaram com a atribuição de sensibilizar senadores sobre a importância da medida tomada pelo governo, um movimento que, na avaliação de aliados, não foi feito na Câmara. Os deputados derrubaram pontos do decreto por 295 a 136.
Padilha ressaltou a importância de detalhar pontos do projeto aos parlamentares e afirma ter que tem ouvido relato de senadores que não entenderam pontos da proposta, encampada no governo pelo ministro Rui Costa.
A visita de Padilha ao Congresso ocorre poucas horas depois de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter se manifestado a favor da revogação do decreto. Durante evento em Nova Iorque, Lira disse esperar que "o Senado coloque em seu lugar as leis do nosso país".
— A principal reforma pela qual o Congresso vai ter que brigar é para não deixar retroceder o que já foi aprovado e é mais liberal. Para isto, precisamos vigiar o tempo todo a Câmara dos Deputados. Na última semana, votaram um PDL para revogar um ato presidencial que mudava as leis do saneamento. Não foi por picuinha. É que não se pode alterar dessa forma algo aprovado no Congresso. Antes disso, tivemos muitas negociações, que infelizmente não foram à frente. Agora, espero que o Senado coloque em seu lugar as leis do nosso país.
Após a reunião dos ministros com líderes da base no Senado, o líder da Maioria no Senado, Renan Calheiros (MDB), e o líder do PSD, Otto Alencar, indicaram que deverão defender a manutenção do decreto de Lula.
—Eu defendo o decreto de saneamento na íntegra que o governo publicou—disse Alencar.
Já Calheiros, ponderou que seu partido ainda não se reuniu, mas que o MDB deve votar favorável ao governo.
Os ministros querem ainda tentar se reunir com líderes da oposição nessa quarta-feira (10), segundo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Eles também se colocaram à disposição para participarem de audiências nas comissões por onde o PDL terá de tramitar.
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