Instalada no Congresso Nacional na última quinta-feira a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai apurar os ataques golpistas do dia 8 de janeiro recebeu 396 requerimentos nos dois primeiros dias, incluindo pedidos de quebra de sigilo, acesso a documentos e gravações dos prédios dos Três Poderes e depoimento de possíveis envolvidos. As solicitações devem ser aprovadas pelo plenário da CPI, e as votações serão iniciadas nesta semana.
O total ultrapassa a soma de todos os requerimentos protocolados nas outras três CPIs que acontecem simultaneamente na Câmara dos Deputados: a CPI das apostas, até agora, tem 128 requerimentos; a CPI do MST, 102; e a das Americanas, 49. São 396 ante 279.
Dos requerimentos acerca do 8 de janeiro, a maioria, 244, é pedido de convocação e convite de depoentes. Outras 82 solicitações requerem acesso a documentos oficiais, e 48 pedem quebra de sigilo, como acesso bancário, telefônico e fiscal de figuras como o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o ex-ministro do GSI do governo Lula Gonçalves Dias.
Entre os requerimentos de convocação para depoimentos, a base do presidente Lula solicita a presença do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres, que esteve preso por três meses por suspeita de omissão durante os atos.
Os aliados do ex-presidente querem ouvir o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias. GDias pediu exoneração do cargo após vídeos mostrarem uma suposta leniência com os invasores no Palácio do Planalto no dia 8. Nas imagens, o então ministro circula pelo interior do prédio e interage com golpistas.
Os parlamentares também querem ouvir o ex-presidente Jair Bolsonaro, o general Júlio César Arruda, ex-comandante do Exército, e os aliados de Bolsonaro: o ex-ministro do GSI general Augusto Heleno e Mauro Cid. Cid está preso por suspeita de ter participado de um esquema de falsificação de comprovantes de vacinação.
Composição da mesa da CPI do 8 de janeiro
- Arthur Maia (União-BA) - presidente
- Cid Gomes (PDT-CE) - primeiro vice-presidente
- Magno Malta (PL-ES) - segundo vice-presidente
- Eliziane Gama (PSD-MA) - relatora
Maia e a relatora querem apresentar um plano de trabalho na próxima reunião e a ideia é que as sessões da CPI ocorram às quintas-feiras pela manhã. Os trabalhos começam após idas e vindas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A base inicialmente era contra a investigação, mas o posicionamento mudou após a divulgação de imagens do ex-ministro Gonçalves Dias circulando pelo Palácio do Planalto no dia da tentativa de golpe.