Política
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Por Alice Cravo — Brasília

Em meio a uma crise na articulação política do governo com o Congresso, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta segunda-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou que sejam feitas conversas com partidos que comandam ministérios para cobrar fidelidade da base.

As primeiras reuniões, segundo o ministro, serão com PSB e PSD. Depois, com MDB e União Brasil. Padilha afirmou que “certamente” será debatida na reunião com ministros e respectivas bancadas os votos que os partidos entregam no Congresso, mas que isso se dará em um ambiente "tranquilo".

— Certamente (os votos serão cobrados). Um dos temas da reunião é exatamente esse. Você tem, por exemplo, o ministro das Cidades, que é um dos autores do decreto do saneamento. Você vê a bancada do MDB, votou contra. É o momento, inclusive, do ministro, da coordenação política, compreender quais foram os motivos — afirmou Padilha, completando: — Isso vai ser feito num ambiente o mais tranquilo possível.

A expectativa do ministro é que já nesta quarta-feira haja o primeiro encontro com o PSB. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que integra a legenda, deve participar da reunião. O presidente Lula, no entanto, segundo Padilha, não estará presente nessas reuniões.

— (Presidente Lula )Participa ativamente, vai continuar participando. Toda vez que precisar entrar em campo, vai entrar. É bom demais ter o Pelé da política pra poder entrar em campo a hora que precisar entrar. Ele já participa bastante, vai continuar, reforçou para todos, para os ministérios, para os líderes, o papel da coordenação política para o governo.

Como o GLOBO mostrou, Lula tem deixado em segundo plano conversas com lideranças partidárias e personagens do mundo empresarial, setores com os quais mantinha contatos permanentes durante seus outros dois mandatos.

Para antigos aliados, na prática, o petista está mais distante da política, e isso se reflete nas dificuldades que o governo está encontrando para arregimentar uma base sólida no Congresso Nacional.

Padilha, no entanto, defendeu a postura do presidente, e disse que Lula tem participação similar dos seus mandatos anteriores, mas que que "quanto mais ele tiver presente, melhor".

— Primeiro, eu fui da coordenação política do presidente Lula nos primeiros mandatos, posso afirmar que contato e participação do presidente com as lideranças políticas é similar. E o presidente Lula tem disposição, faz questão de convidar parlamentares para as agendas internacionais e nacionais — afirmou, completando: — O presidente Lula sempre esteve à disposição de fazer esse contato, quanto mais ele tiver presente ainda melhor e certamente vai estar presente em momentos.

Padilha, ainda rebateu as críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira, sobre sua articulação política no Congresso Nacional. Em entrevista ao GLOBO, o parlamentar afirmou que o ministro "sujeito fino e educado, mas que tem tido dificuldades". Padilha disse estar acostumado com o cargo e que "não é marinheiro de primeira viagem".

— Estou acostumado com as tarefas desse cargo, não sou marinheiro de primeira viagem. Sei que é um cargo que o tempo todo as pessoas discutem e temos tranquilidade para seguir as prioridades estabelecidas.

O governo vem de semanas de derrotas no Congresso. Foram criadas quatros comissões parlamentares de inquérito (CPIs). Uma delas, a CPI dos Atos Golpistas, é conjunta na Câmara e no Senado. As outras três são da Câmara. Entre elas, a CPI do MST, que pode causar desgaste ao governo.

Na semana passada, a Câmara derrubou um decreto de Lula que alterava o marco do saneamento básico. Mesmo partidos que têm ministros votaram contra o governo. Padilha afirmou ainda que em reunião com o presidente Lula ficou decidido que o governo intensificará o diálogo com o Senado para recolocar os trechos derrubados pela Câmara.

Padilha chamou o episódio de "derrota importante" e afirmou que o Congresso "nitidamente" deu um recado em relação ao tema. O ministro, no entanto, defendeu que a derrubada se deu em um momento que não causa impacto para o governo.

— Entendemos o que aconteceu na semana passada, uma derrota importante. Aconteceu num momento que você pode perder, que é no começo do campeonato. Mas estamos absolutamente convencidos de que vamos ganhar as vitórias mais importantes e vamos ganhar a final do campeonato ao longo da gestão.

O ministro falou com a imprensa após uma reunião com Lula, na qual foi tratada a estratégia de diálogo com a Câmara e com o Senado.

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