Política
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Por Lucas Altino — Rio de Janeiro

Com o placar de 3 a 1 a favor de sua inelegibilidade no julgamento que corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — interrompido nesta quinta-feira e previsto para terminar na sexta —, Jair Bolsonaro afirmou, horas depois da pausa na apreciação da ação pela Corte, que "o jogo não acabou". Apesar do tom esperançoso, o ex-presidente criticou o posicionamento dos ministros que, até o momento, lhe impuseram uma derrota parcial.

Ministra Cármen Lúcia acompanha relator e vota pela inelegibilidade de Jair Bolsonaro

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— Vi o resumo de alguns votos. Um falou que eu interferi no resultado das eleições. Se eu interferi, eu tinha que ter ganho. Qual interferência que eu tive na reunião com embaixadores? Pelo amor de Deus. Reunião para falar sobre sistema eleitoral é um crime capital para a política de alguém? — questionou Bolsonaro, acrescentando que, "até aqui", sente-se "completamente injustiçado".

O ex-mandatário também fez menção direta ao ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE e um dos principais alvos de ataques bolsonaristas no passado recente. Moraes será o último magistrado a votar na Corte Eleitoral nesta sexta-feira — antes, irão se manifestar Cármen Lúcia e Kassio Nunes Marques.

— O jogo não acabou ainda, tem que esperar acabar. Quem sabe o Alexandre de Moraes tenha um momento de Deus tocar o coração dele. Até aqui, não tocou em momento algum — lamentou Bolsonaro.

Um dos argumentos mais usados por Bolsonaro ao responder às perguntas de jornalistas foi o histórico de defesa do voto impresso — uma antiga bandeira de Leonel Brizola — pelo PDT, sigla que propôs a ação contra ele no TSE. Segundo o ex-presidente, o movimento seria injusto, uma vez que o atual presidente licenciado do partido, Carlos Lupi, também já defendeu publicamente esta modalidade de votação.

Bolsonaro também se disse injustiçado pelo TSE em outras medidas durante as eleições do ano passado. Ele citou especificamente proibições de divulgação de imagens de Lula defendendo o aborto, dos atos de Sete de Setembro e de sua ida ao velório da Rainha Elizabeth, na Inglaterra.

O ex-presidente reclamou ainda de uma fala do aliado Cláudio Castro (PL), governador do Rio, que, mais cedo, disse que Bolsonaro poderia ser mais útil à direita como cabo eleitoral do que como candidato:

— É um pequeno equívoco. Me dou muito bem com o Castro, mas foi infeliz no que falou. Como amigo, como pessoas que se entenderam na politica, tem que pensar sempre e fazer todo o possível para que a gente não perca os direitos políticos.

Bolsonaro reafirmou que ainda tem planos na política e citou até uma possibilidade de se tornar senador:

— Eu quero participar, estou com 68 anos, tenho bagagem de 30 anos de parlamento, quatro de presidente. E acho que é um legado, uma historia, posso ajudar em muita coisa. Caso elegivel, posso disputar o Senado, tenho grandes chances de entrar naquela Casa e ajudar o Brasil. Agora, cartão vermelho? Porque reuni embaixadores? — comentou o ex-presidente, que também brincou sobre virar vereador do Rio. — Não gostaria de deixar de ser elegível, nem que venha a ser vereador do Rio, até brinquei com meu filho (o vereador Carlos Bolsonaro), mas não quero pegar a vaga dele não.

Na tarde desta quinta-feira, o ex-presidente deixou o condomínio Vivendas da Barra, onde tem casa no Rio. Ele segue para Belo Horizonte, capital mineira, onde participará do velório de Alysson Paolinelli, ministro da Agricultura durante a Ditadura Militar. Na sexta, ele retornará a Brasília, de onde deve acompanhar o desfecho no TSE.

Chegada tumultuada

Mais cedo, a chegada do ex-presidente ao Rio teve um breve momento acalorado envolvendo apoiadores e um crítico, em um cenário marcado pelo improviso. Enquanto concedia entrevista coletiva em um dos portões de desembarque do aeroporto Santos Dumont, na capital fluminense, o Bolsonaro ouviu xingamentos de um passageiro que transitava pelo local.

Ele chegou a interromper sua fala por alguns segundos enquanto um pequeno conjunto de eleitores procurava abafar os gritos contrários ao ex-presidente. A vinda para o Rio, decidida na noite de quarta, pegou de surpresa ao menos cinco correligionários procurados pelo GLOBO, que desconheciam a viagem até as primeiras horas da manhã desta quinta.

Por conta da viagem às pressas, Bolsonaro foi recepcionado no aeroporto Santos Dumont apenas por dois deputados estaduais do PL, Alan Lopes e Anderson Moraes, e pelo amigo e assessor Waldir Ferraz.

'Mito' x 'Inelegível': Bolsonaro chega ao Rio com discussão em dia de julgamento no TSE

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No início de sua fala aos jornalistas, enquanto elencava realizações durante seu mandato na Presidência, Bolsonaro foi saudado aos gritos de "mito" por um transeunte. Imediatamente, outro passageiro reagiu com o grito "na cadeia", numa referência aos processos e investigações judiciais dos quais Bolsonaro é alvo, incluindo casos como o das joias árabes e o da fraude no cartão de vacina.

Na sequência, questionado sobre um eventual sucessor caso seja julgado inelegível pelo TSE, Bolsonaro afirmou que será "talvez um bom cabo eleitoral". Ele evitou demonstrar preferência por nomes como o ex-ministro e atual governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, e o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que contam com apoiadores dentro do PL, partido do ex-presidente.

— Se eu estiver fora do jogo, vou ser talvez um bom cabo eleitoral. Tem vários bons nomes por aí, mas acredito até o último segundo na isenção e em um julgamento justo e sem revanchismo por parte do TSE — disse Bolsonaro.

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