Política
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Por Marcelo Remigio — Rio de Janeiro

Dez anos após seu afastamento da política, quando foi condenado e preso por participação no esquema do mensalão, o ex-deputado federal Carlos Rodrigues, o Bispo Rodrigues, está de volta ao cenário político. Homem forte da Universal do Reino de Deus (Iurd) no início dos anos 2000, ele vai dar as cartas na escolha dos candidatos a vereador da igreja no Estado do Rio pelo Republicanos. Por ele também passará a aprovação da lista dos nomes e das alianças do partido que vão disputar as prefeituras.

Na capital, Rodrigues tem a missão de resgatar o desempenho eleitoral da Universal, que no pleito de 2020 elegeu somente três representantes para a Câmara Municipal — outros quatro vereadores do Republicanos não têm ligação com a igreja. No período em que o ex-deputado coordenava as eleições para a Iurd, a bancada carioca da Universal mantinha uma média de cinco cadeiras. Todos eram bispos, pastores ou obreiros.

A volta de Rodrigues, que perdeu o título de bispo e renunciou em 2005 ao segundo mandato de deputado federal ao ser envolvido no escândalo do mensalão, faz parte de uma reestruturação do Republicanos, legenda ligada à Universal, no Rio. O comando foi dado ao prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro, o Waguinho. Com a mudança, pela primeira vez na história da Iurd o núcleo político da igreja não terá um nome na presidência estadual em ano eleitoral.

Políticos e religiosos

Estratégia. Waguinho quer eleger prefeitos nas cidades da Baixada — Foto: Edilson Dantas/06-10-2022
Estratégia. Waguinho quer eleger prefeitos nas cidades da Baixada — Foto: Edilson Dantas/06-10-2022

Ao assumir a presidência estadual, Waguinho dividiu o Republicanos em dois grupos: o político — que se reporta a ele — e o religioso — , sob a responsabilidade de Rodrigues. Apesar da divisão, todos os candidatos terão de pedir a bênção do ex-bispo e beijar a mão do prefeito, caso queiram garantir o espaço na legenda.

Segundo um interlocutor do Republicanos, Rodrigues — que também opinará nas eleições dos outros estados — fará uma limpeza na lista de pré-candidatos ao longo deste ano. A ideia é negar legenda a quem não é ligado à Iurd, não tenha garantia de votos e seja fiel de outras igrejas. Mesmo quem possui mandato não terá a vaga garantida, caso não seja do grupo do ex-bispo ou a votação tenha caído ao longo dos anos.

Um dos alvos de Rodrigues será a Câmara do Rio, que hoje tem três vereadores ligados à Iurd: João Mendes de Jesus, Inaldo Silva e Tânia Bastos. De acordo com o mesmo interlocutor, a limpeza na nominata para inclusão de novas apostas eleitorais já era uma prática aplicada por Rodrigues. Assim, os eleitos não se apegavam ao cargo — a cadeira seria da igreja —, sob risco de fidelizar votos, trair a Iurd e ser reeleito por conta própria.

A volta de Rodrigues preocupa pré-candidatos por seu rigor na definição das nominatas. O ex-bispo, que em 2002 elegeu 54 deputados da igreja, entre federais e estaduais, já se debruça em mapas eleitorais. No Rio, a estratégia prevê que a capital seja dividida em regiões para a atuação dos candidatos. Cada um assumirá uma área, respeitando limites geográficos na campanha e tendo o apoio dos templos da Iurd. Alguns pré-candidatos já começaram a participar de cultos. Rodrigues retorna à política após um período no interior de São Paulo, em que gerenciou rádios da Iurd, mas mantendo escritório no Rio. Atualmente, ele cuida da compra de terrenos pela igreja e da construção de templos pelo país.

Já Waguinho, que entrou no partido pelas mãos do presidente nacional da sigla, deputado federal Marcos Pereira (SP), traçou um plano estratégico para eleger prefeitos e vereadores de seu grupo político na Baixada Fluminense. Cinco cidades são prioridade: Duque de Caxias, São João de Meriti, Nova Iguaçu, Mesquita e Belford Roxo. Para a capital, ele quer importar nomes de cidades da Baixada que fazem limite com a capital. A filiação de Waguinho passou por um acordo de controle do Republicanos no Estado, de olho em 2026. Para retribuir, o prefeito faria uma bancada federal forte para ajudar Pereira a se eleger presidente da Câmara.

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