Política
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Por Camila Turtelli e Eduardo Gonçalves — Brasília

Relatora da CPI do 8 de janeiro, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) afirmou, em entrevista ao GLOBO, que "se tiver falso testemunho na CPI, pedido de prisão será feito". Segundo a congressista, será adotada linha dura contra quem "avacalhar os trabalhos da comissão". Para ela, "é muito cedo" associar a articulação do 8 de janeiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mas, se houver necessidade, ele será convocado.

A senhora assinou o pedido de CPI feito pela senadora Soraya Thronicke, mas não a CPI mista, da qual virou relatora. Mudou de ideia?

Minha motivação pela Soraya foi pela seriedade. E a motivação de não assinar a CPI mista é por conta do autor do requerimento (o deputado federal bolsonarista André Fernandes, do PL do Ceará).

Em que a senhora acredita que a CPI pode avançar além do que PF e Ministério Público Federal já estão fazendo?

O que difere uma CPI de um âmbito de uma delegacia, por exemplo? Ela tem os mesmos poderes, só que tem uma diferença que é um nível de publicidade muito grande. As oitivas são abertas, absolutamente publicizadas. Esse envolvimento da sociedade dá muitos elementos, tanto que criamos um canal para recebimento de denúncias. O grande diferencial é o envolvimento da população que nos ajudará a chegar nos financiadores, nos autores intelectuais, que são os pontos-chaves.

A senhora acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro pode ser um desses autores intelectuais?

Não posso dizer isso, é muito cedo. Mas o que foi a invasão na sede dos três Poderes? É uma invasão em Casas que representam a República brasileira. Subentendem que estava em curso claramente um ato golpista caracterizado pelo incentivo e pelo questionamento do processo eleitoral. Vamos apresentar nosso plano de trabalho, se a gente vir que há necessidade de chamarmos o ex-presidente, vamos chamar.

Mas, pelo o que já se sabe, a senhora acredita que ele teve algum papel nos atos de 8 de janeiro?

O ex-presidente da República é o maior formador de opinião do país, pela posição estratégica que tem. As posições dele têm um impacto para o bem e para o mal no país. Vimos isso na pandemia. Vamos fazer uma relação das falas dele e, ao mesmo tempo, entender melhor como se deu esta conversação dele, o envolvimento dele com pessoas que podem estar diretamente ligadas ou não ao processo do 8 de janeiro. Vamos buscar financiadores. Qual a relação desses financiadores com quem estava ocupando os espaços da Presidência da República? As quebras de sigilo, as oitivas que foram solicitadas vão nos dizer isso.

Apesar de um papel importante na pandemia, a CPI da Covid não gerou efeitos práticos. O que a CPI do 8 de janeiro pode entregar?

Se tiver falso testemunho na CPI, pedido de prisão será feito. Nós não vamos aceitar avacalhar os trabalhos da comissão. E eu, como relatora, não vou aceitar achar que vem para a comissão tripudiar ou tentar manipular ou instrumentalizar o colegiado.

E como a senhora viu as imagens do ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias, circulando pelo Palácio do Planalto no dia 8?

O GDias naturalmente virá à comissão e essas são perguntas que ele terá de responder.

Mas qual foi sua impressão ao ver as imagens?

A primeira impressão, naturalmente, não é uma boa impressão quando você pega o fato isoladamente. Inclusive, acho que o presidente Lula tomou uma decisão rápida em relação a isso. Até porque foi a partir disso que houve uma flexibilização (da posição do governo) em relação à CPI.

Governistas inicialmente foram contra a CPI sob argumento que ela pudesse se tornar palco para discursos golpistas. Como evitar isso?

O grande ponto fundamental em relação às pessoas da oposição é exatamente a narrativa, não o fato concreto. É dizer que o próprio governo planejou uma invasão de sua própria sede. O fato concreto é que vai dizer. Eu estou muito certa de me blindar dessas narrativas. A relatoria tem que ter uma visão muito imparcial e concreta. Temos de trabalhar com dados, elementos, não com memes e lacração.

Aliados de Bolsonaro sustentam que havia infiltrados da esquerda entre os manifestantes. E que teriam sido esses, não os bolsonaristas, os invasores. Acredita que havia infiltrados?

Estamos num momento de rede social tão intensa, de facilidade de acesso ao perfil de uma pessoa, que se tivesse, naturalmente, já seria de conhecimento público.

A oposição tem denunciado tratamento inadequado aos presos, além de cerceamento de defesa. A situação deles será foco da CPI?

Os direitos humanos estão assegurados. Da mesma forma como você tem de defender a vida dessas pessoas, elas também têm de ser punidas quando cometem crimes. O crime é passível de prisão, e o preso não tem acesso a celular e a regalias.

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